Ano de mudança da velha guarda politica na Frelimo, com a entrada do relativamente jovem operário transformado em político, Filipe Nyusi.
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2014 em Moçambique Um ano dominado pela política e pela economia
Jovens, académicos e políticos dizem que o ano foi marcado pelas quintas eleições gerais e presidenciais para as quais concorreram três candidatos ao cargo de Chefe de Estado, nomeadamente, Afonso Dhlakama, da Renamo, Daviz Simango, do MDM, e Filipe Nyusi, da Frelimo, partido no poder desde a Independência de Moçambique em 1975.
Foi um ano de mudança da velha guarda politica na Frelimo, com a entrada do relativamente jovem operário transformado em político, Filipe Nyusi.
Mais de duas dezenas de partidos políticos concorreram às eleições parlamentares e provinciais, mas a Frelimo, Renamo e MDM foram os principais contendores e são mesmo os únicos que ganharam assentos no parlamento nacional de 250 lugares. A campanha eleitoral durou 45 dias.
Os ataques armados da Renamo em Sofala, Inhambane, Tete e Nampula rectivaram a memória do conflito armado de 16 anos, concluído em Outubro de 1992 com um acordo de paz assinado em Roma sob mediação da Igreja Católica.
Mais de tres dezenas de pessoas perderam a vida em ataques armados da Renamo, que exigia a paridade nos cargos de chefia dos órgãos eleitorais rumo às eleições de 15 de Outubro.
Pelo menos 10 mil pessoas abandonaram as suas zonas de origem vivendo como deslocadas de guerra noutras regiões consideradas seguras. A única estrada nacional ligando o país desde o extremo Norte até ao Sul ficou quase paralisada.
O diferendo politico-militar foi ultrapassado depois de mais de meia centena de rondas de diálogo entre as duas partes e com o apoio de observadores nacionais ligados à academia e igreja.
No entanto, a desmobilização dos homens armados da Renamo ainda é um assunto pendente, segundo reconhece o Chefe do Estado cessante, Armando Guebuza.
Para a jovem Leocádia Mausse, o académico Salatiel Junior e o veterano politico Joaquim Chissano, o antigo chefe do Estado, a política dominou o ano de 2014.
Politica à parte, a economia também marcou o ano prestes a findar. A descoberta e o início da exploração de grandes reservas de carvão mineral em Tete, no centro, e gás natural em Cabo Delgado, no extremo norte, marcaram igualmente o ano de 2014.
Moçambique poderá ser o terceiro maior produtor mundial de energia a partir de 2018.
No entanto, alguns analistas têm manifestado cepticismo quanto à materialização efectiva dos projectos de exploração das reservas de gás natural em Cabo Delgado, dizendo que o processo está atrasado devido ao que consideram excesso de burocracia estatal em Moçambique.
Para o académico Patrício José, do Instituto Superior de Relações Internacionais de Moçambique, entretanto, fazer as coisas à pressa nestes projectos pode criar problemas aos moçambicanos e aos investidores.
VOA – 31.12.2014