Se a tradição se mantiver, a Frelimo vai perder
Os munícipes de Cuamba, na provincia de Niassa, vão hoje às urnas para eleger o futuro presidente do Conselho Municipal, na sequência das eleições intercalares provocadas pela morte do anterior presidente. Para o cargo de presidente do Conselho Municipal de Cuamba, concorrem Manuel Buanacasso, pela Renamo, Zacarias Filipe, pela Frelimo, e Tito Cremildo pelo Movimento Democrático de Moçambique.
Para a votação de hoje estão instaladas 65 mesas, para um total de 44.055 eleitores inscritos. As eleições de hoje acontecem na sequência da morte por doença, a 14 de Setembro, de Vicente da Costa Lourenço, presidente do Conselho Municipal eleito em 2013.
A Frelimo é a mais preocupada com esta eleição, e o nervosismo dos seus membros é visível nas redes sociais. O gabinete de propaganda até já começou a espalhar mensagens de que a oposição está a preparar fraude, exactamente com os métodos que a própria Frelimo tem vindo a usar em todas as eleições. Mas o nervosismo tem uma explicação. É que, na história das eleições intercalares, aquele partido e os seus candidatos sempre perderam com a oposição, devido à elevada fiscalização. Sempre que há fiscalização cerrada, a Frelimo é humilhada nas urnas. Foi assim na Beira, em Quelimane, em Nampula e no Gurué. E há, entre os da Frelimo, um medo generalizado de que a história se repita em Cuamba.
Por outro lado, a eleição tem um interesse particular para a oposição, que tenta, com a sua fiscalização, ganhar alguma eleição, para elevar os níveis de confiança depois das eleições gerais. O MDM jogou todas as suas pedras na campanha. Até o presidente desse partido está em Cuamba. Juntou-se a Manuel de Araújo, António Janeiro e Mamudo Amurrane, presidentes de Conselhos Muicipais por aquele partido, nos municípios de Quelimane, Gurué e Nampula, respectivamente, que já lá estavam em campanha. O MDM quer aproveitar Cuamba para ganhar uma lufada de ar fresco depois dos resultados das eleições gerais. A Renamo, que nas últimas eleições autárquicas não concorreu, goza de alguma simpatia em Niassa e pode ter resultados surpreendentes. Afonso Dhlakama esteve na semana passada em Niassa e mostrou que a Renamo ainda é forte naquele ponto. Mas o presidente da Renamo não se deslocou a Cuamba. Se foi boa ou má a estratégia, ficaremos a saber na noite de hoje, quarta-feira, quando se começar a fazer a projecção dos resultados.
CANALMOZ – 17.12.2014