A Hi-Liner Fishing Gear and Tackle Inc, uma empresa norte americana com sede em Green Cove Springs, no estado de Florida, assinou recentemente um contrato para o fornecimento de equipamento de pesca para a frota de barcos da Empresa Moçambicana de Atum (EMATUM).
Segundo informações veiculadas pelo 'Florida Times Union', na sua página da internet, a Hi-Liner Fishing Gear está a fornecer linha monofilamento, anzóis e outros equipamentos para ajudar a desenvolver a indústria de pesca de atum em Moçambique.
Ao abrigo do acordo aquela empresa também vai enviar capitães norte americanos experientes para assessorar a direcção da EMATUM.
Mike Carney, um dos assessores e que se encontra em Maputo há cerca de um mês, é citado como tendo dito que 'fomos sempre encorajados a difundir a tecnologia americana. Mas se a mesma não for acompanhada por um capitão, quase sempre acaba fracassando.
Prosseguindo, explicou 'nós estamos a mostrar como viabilizar os barcos de pesca, apesar de eles (tripulação) não saberem como usá-los. Tem sido difícil. Foi muito difícil conseguir zarpar com o primeiro barco. Foi muito difícil capturar o primeiro peixe, porque eles (tripulação) esperam que eu faça aquilo que nós fazemos durante a captura de peixe, mas (o problema) é que eu estou a ensinar essas pessoas desde o princípio até ao fim. No barco tinha apenas duas pessoas que já tinham saído para o mar. Eu tenho uma tripulação de 15 homens e, por isso, tive que lhes ensinar tudo'.
Carney disse que também foi obrigado a ensinar a tripulação como colocar a isca nos palangres usados na pesca do atum e limpar o peixe capturado.
Por seu turno, o proprietário da empresa, Ed Gaw, afirma que o contrato de Moçambique é essencial para a manutenção da divisão palangreira da Hi-Liner.
'Cada contrato é importante', disse ele. 'Este será certamente um enorme impulso para nós no lado comercial numa altura em que a frota norte-americana está a sofrer restrições e a pesca regulamentada a um nível muito mais elevado que no passado'.
Até agora, foi realizada uma expedição de pesca da EMATUM, e o barco em questão regressou com uma grande quantidade de atum e espadarte. Parte do pescado foi oferecida a orfanatos e outras instituições de caridade para que também possam ter uma época festiva decente. A próxima expedição de pesca EMATUM está agendada para Janeiro de 2015.
Cerca de 200 embarcações estrangeiras estão licenciadas para a pesca de atum. Segundo o ministro dos Transportes e Comunicações, Gabriel Muthisse (também antigo vice-ministro das pescas), estes barcos eram licenciados para pescarem nas águas moçambicanas sem que, sequer, tivessem a obrigação de virem buscar as tais licenças nos portos moçambicanos, pois as mesmas eram enviadas por fax aos seus respectivos países de origem.
Escrevendo em sua página no Facebook, Muthisse explica que vindo, pelo menos, buscar as licenças nos nossos portos, esses pesqueiros poderiam, eventualmente, ser forçados a se reabastecerem de água, combustível, produtos frescos e outros e, com isso, contribuir para a economia de Moçambique.
Referiu que, paulatinamente, as embarcações que pescam atum terão que estar baseadas no país. Terão de contratar a tripulação dentro de Moçambique. Terão de pagar impostos em Moçambique. Terão de desembarcar e processar o pescado e a fauna acompanhante em Moçambique, influenciando deste modo as contas nacionais.
Vincou que tudo isso terá um grande impacto sobre a economia, sobre o emprego, sobre os impostos e sobre o controlo dos níveis de captura.
Para aquele governante, a EMATUM aparece como um catalisador destas alterações.
Instou a todos que queiram explorar este recurso para que alterem as suas práticas e se mocambicanizem.
Reconheceu que esta alteração prejudica interesses que, ao longo de várias décadas, se habituaram a fazer e a desfazer nas águas mocambicanas.
Trata-se de interesses poderosos, com enorme influência na imprensa internacional e em algumas organizações, advertiu.
Refira-se que a EMATUM foi criada em 2013, através de um crédito internacional de 850 milhões de dólares norte-americanos sob garantias soberanas do Estado moçambicano.
Deste valor uma parte foi usada para a aquisição de 30 barcos num estaleiro naval da cidade francesa de Cherbourg, incluindo seis barcos de patrulha, e 24 de pesca, entre os quais uma mistura de arrastões e palangreiros, cujo custo, segundo a imprensa francesa, foi de 200 milhões de euros (267 milhões de dólares na taxa de câmbio da altura).
O governo moçambicano garante o reembolso aos detentores dos títulos de tesouro e acredita que a EMATUM é um empreendimento rentável, e que irá honrar as suas obrigações. O governo aponta que, até a criação da EMATUM, quase toda a pesca de atum em águas moçambicanas era feita por embarcações estrangeiras.
Pf/sg
AIM – 25.12.2014