Depois da burla
A fraudulenta Empresa Moçambicana de Atum (EMATUM) está a levar a cabo uma campanha de lavagem de imagem com vista a fazer esquecer os contornos corruptos da sua criação. Aquela empresa está numa campanha de doações de variedades de peixe, entre eles, atum, a hospitais e instituições de caridade. Hoje, quarta-feira, a EMATUM vai proceder à entrega de 300 quilos de atum ao orfanato “Casa da Alegria”, no bairro de Hulene, em Maputo. A cerimónia terá a presença de funcionários da EMATUM e do presidente do município de Maputo. Na passada segunda-feira, a empresa ofereceu também 300 quilos de peixe não especificado ao Hospital Geral José Macamo.
A EMATUM faz parte de um dos negócios pessoais de Armando Guebuza em que o Estado foi usado. Manuel Chang, actual ministro das Finanças, e Filipe Nyusi, então ministro da Defesa, são os rostos que se destacaram na criação da EMTUM.
A empresa chegou a ser avalizada positivamente pelo Estado moçambicano a um crédito internacional de 850 milhões de euros, sem sede, sem direcção e sem infra-estruturas. A empresa é participada pelos Serviços Secretos. Só no dia 29 de Julho do corrente ano é que a empresa apresentou publicamente os seus gestores.
Até ao primeiro semestre deste ano, a EMATUM não tinha sede. A sede foi improvisada, nos finais do primeiro semestre, na Avenida Amílcar Cabral, n.o 1512, na cidade de Maputo, depois de muita pressão da imprensa. A opacidade na criação e na fiscalidade da empresa chegou a colocar os doadores em rota de colisão com o Governo, pois viam muitas penumbras no negócio. O ministro das Finanças, Manuel Chang, chegou mesmo a mentir publicamente, informando que a criação da EMATUM havia passado pelo parlamento. Só mais tarde é que o assunto foi ao parlamento, mas já em forma de polémica, e não como pedido de autorização parlamentar.
CANALMOZ – 24.12.2014