Aconteceu no passado dia 30 de Novembro em Liboa no Restaurante Magano, perante uma plateia cheia de gente, o lançamento do livro A ODISSEIA DE UM GUERRILHEIRO do Comandante Zeca Caliate.
Foi esta a sua primeira intervenção:
“Boas tardes meus amigos.
Digo amigos pois sinto que são mesmos amigos, aqueles que sentem no seu íntimo o mesmo que eu sinto, independentemente da ideologia que tenham tido há 40 ou 50 anos e que a terão ou não agora com o evoluir dos tempos.
Sinto que, se estamos aqui é porque continuam a pensar no ser humano como ser com direitos e deveres, pelo conjunto dos seres humanos globais, seus direitos individuais e colectivos sem serem subjugados por outros, seja pelo seu tom da pele, pela sua origem, pelo dinheiro ou por outro qualquer poder que por aí possa existir.
Sei que estivemos alguns de nós em campos opostos que poderiam ter levado a um desenlace fatal. Felizmente que nos viemos a conhecer e verificamos que o objectivo da nossa luta era o bem-estar de todos estando por fim do mesmo lado da barricada.
Deixamos de ser utilizados, sabemos enfim o que queremos, ficamos livres de defender o que pessoalmente pensámos.
Infelizmente, quem tomou o poder no nosso país tornou a Democracia numa palavra vã!
O ter liberdade de falar, não chega, quando na realidade são os mesmos de sempre a mandar com o objectivo único de encherem os bolsos e se perpetuarem no poder mascarados de falsos moralistas. Nós temos estado a deixá-los passar ano após ano e é o que se vê.
Para ajudar a que esses reinados não se perpetuem, pois a história assim nos ensina, deixo o meu testemunho neste livro muito sofrido por mim e por outros, livro cheio de sangue derramado, para que possa ser lido, estudado e para que quem o faça tome nas suas mãos o poder de remar contra a maré, já que os nossos dias vão passando, não serão muitos mais e as forças nos vão faltando.
Termino com uma frase de um poema do grande poeta da língua que nos une, CAMÕES o GRANDE POETA Português que contou a ODISSEIA DE UM POVO. Nada melhor para a minha Odisseia que uma pequena frase de um dos seus poemas, «MUDAM-SE OS TEMPOS MUDAM-SEAS VONTADES»
Tenho dito, muito obrigado pela vossa presença e que deixemos um futuro diferente para os nossos descendentes.
Viva Moçambique!”
Ainda falaram Delmar Maia Gonçalves, Fernando Gil e Aparecida Luis (filha do autor)
Veja: http://www.macua1.org/blog/caliate.htm
(Fotos de João Marques Valentim)