MARCO DO CORREIO por Machado da Graça
Minha querida Ana
Espero que estejas de saúde bem como o teu marido e as crianças. Eu estou bem, felizmente.
Mas estou bastante preocupado. E, desta vez, a minha preocupação vem de fora das nossas fronteiras. Fora, mas demasiado perto para o meu gosto.
Eu explico:
Notícias vindas da África do Sul dizem que os nossos vizinhos e amigos se estão a preparar para construir uma série de centrais nucleares. A justificação é a gritante falta de energia que o país atravessa e tem tendência para se agravar no futuro.
Vais-me dizer que isso é uma questão interna deles, que são um país soberano. Mas não é bem assim.
As centrais nucleares são formas de geração de energia muito potentes mas, ao mesmo tempo, extremamente perigosas. Ainda nos recordamos do que aconteceu quando explodiu a central de Chernobil, na Rússia, e estamos ainda a sentir os efeitos da explosão de Fukojima, no Japão, esperando que aquilo não se transforme num pesadelo milhares de vezes mais grave para todo o planeta. E, antes disso, houve já um grande desastre, nos Estados Unidos, na 3 Miles Island.
E isto quer dizer que, quando aquilo dá para o torto, as consequências terríveis não param na linha da fronteira. E nós estamos demasiado perto.
Além disso os problemas não acontecem apenas quando há acidentes. Mesmo funcionando normalmente, as centrais nucleares produzem um lixo altamente radioactivo. Lixo que ainda ninguém descobriu como deve ser tratado para deixar de ser perigoso. Nos países que têm centrais, criam-se depósitos onde são colocados os contentores com esse lixo. Mas, dentro desses contentores, o lixo vai continuar a ser extremamente perigoso ao longo de centenas de anos. E, por vezes, esses contentores acabam por se deteriorar e deixar sair radioactividade para a atmosfera.
Nada que qualquer país de bom senso queira ver no quintal do vizinho.
Penso mesmo que países da SADC, com fronteiras com a África do Sul, deveriam ter uma palavra a dizer sobre este projecto.
E essa palavra deveria ser: NÃO!
Um beijo para ti do
Machado da Graça
CORREIO DA MANHÃ – 02.12.2014
MARCO DO CORREIO por Machado da Graça
Minha querida Ana
Espero que estejas de saúde bem como o teu marido e as crianças. Eu estou bem, felizmente.
Mas estou bastante preocupado. E, desta vez, a minha preocupação vem de fora das nossas fronteiras. Fora, mas demasiado perto para o meu gosto.
Eu explico:
Notícias vindas da África do Sul dizem que os nossos vizinhos e amigos se estão a preparar para construir uma série de centrais nucleares. A justificação é a gritante falta de energia que o país atravessa e tem tendência para se agravar no futuro.
Vais-me dizer que isso é uma questão interna deles, que são um país soberano. Mas não é bem assim.
As centrais nucleares são formas de geração de energia muito potentes mas, ao mesmo tempo, extremamente perigosas. Ainda nos recordamos do que aconteceu quando explodiu a central de Chernobil, na Rússia, e estamos ainda a sentir os efeitos da explosão de Fukojima, no Japão, esperando que aquilo não se transforme num pesadelo milhares de vezes mais grave para todo o planeta. E, antes disso, houve já um grande desastre, nos Estados Unidos, na 3 Miles Island.
E isto quer dizer que, quando aquilo dá para o torto, as consequências terríveis não param na linha da fronteira. E nós estamos demasiado perto.
Além disso os problemas não acontecem apenas quando há acidentes. Mesmo funcionando normalmente, as centrais nucleares produzem um lixo altamente radioactivo. Lixo que ainda ninguém descobriu como deve ser tratado para deixar de ser perigoso. Nos países que têm centrais, criam-se depósitos onde são colocados os contentores com esse lixo. Mas, dentro desses contentores, o lixo vai continuar a ser extremamente perigoso ao longo de centenas de anos. E, por vezes, esses contentores acabam por se deteriorar e deixar sair radioactividade para a atmosfera.
Nada que qualquer país de bom senso queira ver no quintal do vizinho.
Penso mesmo que países da SADC, com fronteiras com a África do Sul, deveriam ter uma palavra a dizer sobre este projecto.
E essa palavra deveria ser: NÃO!
Um beijo para ti do
Machado da Graça
CORREIO DA MANHÃ – 02.12.2014