A TALHE DE FOICE por Machado da Graça
Estou cada vez mais convencido de que o nível da fraude eleitoral foi muito alto e o escândalo dos editais só veio reforçar esta minha convicção.
Se tudo tinha sido transparente qual era a utilidade de esconder os editais, mentindo repetidamente ao público sobre o assunto?
E, perante isso, compreendo perfeitamente a irritação da Renamo e de Afonso Dhlakama.
Dito isto, há, no entanto, que analisar o que está a ser a reacção da Renamo e do seu dirigente à situação prevalecente.
No recente encontro da direcção daquele partido foi aprovada a ideia da criação de um Governo de Gestão. Dhlakama declarou mesmo que iria começar por nomear um administrador para a Gorongosa e chefes de posto. Depois iria dividindo os diversos escalões do Estado com o partido Frelimo, a todos os níveis.
Só que não diz como é que irá fazer isso.
Se o partido Frelimo se negar a entrar nesse tipo de acordo, o que é o mais provável, o que é que vai acontecer?
Se Dhlakama nomear um administrador para a Gorongosa, onde é que o vai instalar?
Quem lhe irá pagar o vencimento?
Vai expulsar, pela força, o administrador nomeado pelo Governo? E que consequências haverá se o fizer?
São todas estas perguntas que não estão a ser respondidas.
Ele diz que vai fazer e por aí se fica.
No caso, mais do que provável, de o Governo e o partido Frelimo se recusarem a aceitar essa solução, como pensa a Renamo fazê-los mudar de posição? Dhlakama continua a declarar que a guerra já acabou e ele não a vai reiniciar.
Então o que vai fazer?
Creio que a resposta a estas questões é essencial para, todos nós, podermos avaliar as nossas posições em relação ao que aí vem.
E as declarações de Afonso Dhlakama às multidões que o ouvem em nada nos esclarecem nem diminuem as nossas preocupações em relação a um futuro muito próximo.
SAVANA – 26.12.2014