Último pressing de Dhlakama ao Conselho Constitucional
“Validar os resultados quando toda a gente sabe que houve fraude, é ofender a população e partidos políticos. É procurar violência e desobediência”, Afonso Dhlakama, a partir de Mangunde (Chibabava, Sofala), sua terra natal
O líder da Renamo, principal partido da oposição no país, falou ao mediaFAX/SAVANA, neste domingo, a partir de Mangunde, distrito de Chibabava, sua terra natal, mostrando
“alguma confiança no profissionalismo do Conselho Constitucional”, mas apelou ao órgão dirigido por Hermenegildo Gamito a evitar que o país resvale para uma situação de desobediência civil generalizada e sem precedentes na História de Moçambique.
Repetindo que quer evitar confusão e o CC devia fazer o mesmo, Afonso Dhlakama entende que a saida mais airosa é invalidar os resultados eleitorais que deram vítória a Frelimo (144 assentos no Parlamento) e o seu candidato presidencial, Filipe Nyusi (57%).
“Ao invalidar os resultados o CC demonstraria ser um órgão técnico, profissional e com prestígio, além de ser modelo de democracia para África e o mundo, e chamar a atenção aos governos eleitos por fraude”.
Com a incógnita instalada em torno do pronunciamento do CC, a presença de Dhlakama fora de Maputo é vista em alguns sectores como uma cartada política cujos os resultados serão analisados depois desta terça-feira.
“Meu amigo escreva: os partidos passam e o Povo fica. Vamos evitar confusão e a guerra. As pessoas estão cansadas da guerra.
Querem desenvolvimento. O que foi roubado o Dhlakama pode perdoar como já o fez várias vezes, mas se a Renamo, os intelectuais comprometidos com o desenvolvimento e outros partidos, se eles quiserem, fazer parte do governo de gestão, estará tudo bem”, frisou Dhlakama, que está junto da sua família em Mangunde.
media mediaFAX/SAVANA-Provavelmente nas primeiras horas da tarde de terça-feira o Sr Presidente tomará conhecimento, pelo menos publicamente, da decisão do CC. Qual a posição concrenta que vai tomar após o anúncio?
O Povo vai falar, caso a Frelimo rejeite a formação de um Governo de Gestão. Sabemos que os membros indicados pela Frelimo no CC têm a tal disciplina partidária, mas apelamos que sejam conduzidos pelo profissionalismo. Temos informações que descobriram a fraude e esperamos que a declarem e anulem as eleições. A Frelimo já não pode andar a dizer que em 94 e 99 governamos roubando e Dhlakama não fez nada. O eleitorado tem hoje uma nova mentalidade. A Renamo não vai aceitar. O tempo em que se permitia brincadeiras acabou.
Quando é que o Sr presidente regressa à Maputo?
As festas ainda não acabaram.
Mas a sua permanência fora de Maputo pode ser interpretada como a de alguém que aguarda o pronunciamento do CC para, dependendo dos resultados, decidir se volta a capital, ou reinicia a guerra?
O nosso esforço é evitar a confusão e a guerra. Por isso apelamos aos juízes do Conselho
Constitucional ao bom-senso.
Mas tudo indica que o CC vai validar os resultados?
Validar os resultados quando toda a gente sabe que houve fraude é ofender a população e partidos políticos. É procurar violência e desobediência.
Governar com minoria
Desde o anúncio dos resultados das eleições gerais de 15 de Outubro que deram vitória a Frelimo e Filipe Nyusi vive-se um ambiente de tensão em Moçambique com o líder da Renamo a exigir a formação de um governo de gestão, como alternativa àquilo que apelida de fraude eleitoral.
Para Afonso Dhlakama, o CC tem agora uma “oportunidade para ser imparcial e ter coragem política de indicar os problemas e invalidar as eleições, sem cumprir ordens do Governo e nem do comité da Frelimo”, para erradicar a “cultura de fraudes” em Moçambique.
Dhlakama repisou a necessidade de formação de um Governo de Gestão para gerir os destinos do país nos próximos cinco anos, com a inclusão de elementos que não tenham “cartão” no governo central, nos governos provinciais e distritais e direcções de instituições públicas.
“O Governo de Gestão é um respeito à Constituição. Quero que compreendam a importância do Governo de Gestão”, repetiu Afonso Dhlakama, revelando que “até os radicais da Frelimo apoiam o Governo de Gestão por ser solução para actual cenário político”, apesar do apoio da população para um “Governo só da Renamo”.(Francisco Carmona)
MEDIAFAX – 29.12.2014