As delegações do Governo da Frelimo e da Renamo, regressam hoje, segunda-feira, à mesa das negociações no Centro de Conferências “Joaquim Chissano”, na cidade de Maputo, confirmaram, no domingo, fontes contactadas pelo “Canalmoz”.
Será o primeiro frente-a-frente depois de os órgãos eleitorais e o Conselho Constitucional terem declarado Nyusi e a Frelimo vencedores das eleições sem que ninguém tenha visto os editais.
A Renamo, através António Muchanga, o porta-voz do presidente deste partido, já tinha garantido que pretende ver esgotados na mesa do diálogo os pontos restantes, nomeadamente, questões de defesa e segurança, despartidarização do aparelho de Estado e assuntos económicos.
“A Renamo está disposta a conversar com qualquer pessoa que estiver na Ponta Vermelha, mesmo que fosse por meio de um golpe de Estado”, disse recentemente António Muchanga ao “Canalmoz”.
O porta-voz de Afonso Dhlakama disse que, neste momento, a Renamo está a negociar em torno da antiga agenda, que ainda tem dois pontos por discutir, nomeadamente as questões militares, despartidarização do aparelho de Estado e questões económicas, depois de ter sido ultrapassado o assunto da Lei Eleitoral.
“Agora não sabemos como as coisas vão estar, mas a Renamo está disposta a conversar com qualquer pessoa que estiver na Ponta Vermelha”, disse António Muchanga.
O anterior Governo tinha advertido que o processo de negociações já estava a ficar cansativo e o melhor seria equacionar outras formas, já que, por via da EMOCHM, nada tinha funcionado.
O diálogo parou no passado dia 5 de Janeiro, com um impasse entre as delegações do anterior Governo e da Renamo, particularmente em torno do modelo de enquadramento e integração dos homens da Renamo.
A Renamo insistia com o seu pedido de partilha de responsabilidades nas Forças Armadas e na Polícia, enquanto o Governo insistia para que aquele partido entregasse as listas contendo o efectivo dos seus homens, sua localização e número de armamento.
A Renamo sempre disse que não vai entregar as listas antes de ser adoptado pelas três partes (Governo, Renamo e mediadores nacionais) o documento de base que constitui o modelo de enquadramento e integração. Por outro lado, o Governo diz que está fora de hipótese aceitar o tal modelo com base na proposta defendida pela Renamo: partilha de comandos nas FADM e na PRM.
“Defendemos a aprovação de um modelo claro de integração e enquadramento”, diz a Renamo.
O Governo da Frelimo diz que não pode estar em condições de aceitar uma definição como a partilha de comandos, que privatiza as Forças de Defesa e Segurança para as duas partes. O Governo e a Renamo estão a disputar o controlo dos comandos das FADM e da PRM. (Bernardo Álvaro)
CANALMOZ – 26.01.2015