Banquete da tomada de posse
Nyusi diz que banquete é para receber bem os convidados e honrar a tradição hospitaleira do “nosso povo”
O Movimento Democrático de Moçambique foi o único partido da oposição que esteve presente na cerimónia de investidura de Filipe Nyusi como novo Presidente da República, declarado vencedor pelos órgãos eleitorais e pelo Conselho Constitucional, ainda que não existam editais. Depois da investidura, seguiu-se a um luxuoso banquete servido na Presidência da República com fundos públicos. O MDM não foi ao banquete. O antigo chefe da bancada do MDM na Assembleia da República, Lutero Simango, explicou ao “Canalmoz” que o seu partido não compactua com o despesismo. Segundo Simango, “os fundos gastos para o banquete deviam ser usados para apoiar as vítimas das cheias”.
Recorde-se que as cheias cortaram a comunicação via rodoviária do Norte e centro do país, a partir do distrito de Mocuba, na província da Zambézia, porque a estrada nacional número um ficou destruída devido à força das águas. Cerca de 36 pessoas perderam a vida em todo o país. O número de deslocados é de cerca de 68 mil, segundo a Voz da América, que fala de 26 mortos, só na província de Gaza. Não é a primeira vez que a Presidência da República dá uma festa faustosa diante da desgraça do povo. Guebuza também comemorou o seu aniversário num banquete de luxo, com a população submersa e a enterrar os familiares vítimas das cheias. Nyusi apenas herdou a tradição de insensibilidade.
Discursando durante o banquete na Ponta Vermelha, Filipe Nyusi, mesmo reconhecendo que o país atravessa maus momentos, pela tragédia de Chitima, pelas cheias e pelo facto de a pobreza “ser uma realidade”, diz que o banquete deriva da “necessidade de receber bem os nossos convidados e de honrar a tradição hospitaleira do nosso povo”. (André Mulungo)
CANALMOZ – 16.01.2015