CERCA de duas semanas depois da tragédia de Chitima, sede distrital de Cahora-Bassa, na província de Tete, em que 75 pessoas morreram vítimas da intoxicação alcoólica colectiva, ainda não são conhecidas as reais causas que levaram ao internamento de 177 pessoas no centro de Saúde local e no Hospital Rural de Songo.
Fontes das autoridades sanitárias locais disseram ao nosso Jornal que ainda se aguarda, a todo o momento, a chegada dos resultados das amostras submetidas às análises laboratoriais que, depois do Hospital Central de Maputo (HCM), foram enviadas ao exterior, nomeadamente Portugal e Suíça, para se apurar com veracidade o tipo de veneno que estaria na origem das mortes e internamento daquelas pessoas depois de consumirem uma bebida de fabrico tradicional, vulgarmente conhecida por pombe.
Paralelamente, decorrem no terreno investigações visando apurar mais dados sobre a tragédia bem assim do eventual autor do crime cujo processo está a ser levado a cabo pelas autoridades policiais e judiciais. Até ao momento não houve nenhuma detenção em conexão com o caso que enlutou e chocou o país e não só.
Entretanto, as autoridades governamentais do distrito de Cahora-Bassa acabam de lançar um apelo às comunidades locais no sentido de exercerem uma vigilância mais aguda, sobretudo as famílias que sobrevivem na base do fabrico de bebidas caseiras como pombe, aguardente, entre outras, de forma a evitar que circunstâncias como as ocorridas em Chitima, mais concretamente no bairro Cawira-2 se repita.
Do total dos pacientes que foram encaminhados para as unidades sanitárias locais, apenas um continuava até ontem internado no Centro de Saúde de Chitima, numa altura em que a maior parte do contingente dos profissionais do sector que havia sido mobilizado para o local, entre médicos, enfermeiros, pessoal de apoio logístico, entre outros especialistas está a abandonar a sede distrital de Cahora-Bassa. O mesmo acontece com a equipa de especialistas da área de saúde humana que havia sido destacada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Abel Chongo, administrador distrital de Cahora-Bassa, disse em contacto com a nossa Reportagem que as estruturas administrativas dos bairros e líderes comunitários foram chamados à atenção particular para um trabalho de sensibilização das comunidades no sentido destas acatarem com rigor as medidas a observarem no processo de fabricação e venda de bebidas tradicionais, nomeadamente não abandonarem sem nenhuma vigilância os recipientes contendo o produto.
“Sabemos que muitas famílias nas comunidades rurais sobrevivem com o negócio da venda de bebida tradicional e sobretudo após uma boa época agrícola como aconteceu na safra finda em que houve boa colheita de milho e mapira, base principal da fabricação do pombe, bebida altamente preferida pela população” - disse Chongo
Referiu não estar em causa a proibição do fabrico caseiro de bebidas alcoólicas, mas sim, que deve haver uma maior responsabilização dos seus fabricantes, sobretudo no controlo efectivo e pontual dos sistemas, desde o processo de fabricação até à venda aos consumidores.
“Queremos, no máximo do possível, evitar o que sucedeu na sede distrital de Chitima onde, recentemente, 75 pessoas morreram por intoxicação alcoólica das 177 que estiveram internadas no centro de Saúde local e no Hospital Rural de Songo” - referiu Abel Chongo.
Por outro lado, de acordo com a fonte, as autoridades sanitárias do distrito estão empenhadas, presentemente, na tomada de medidas preventivas contra as doenças diarreicas e outras típicas da época chuvosa para evitar a eclosão de epidemias na região.
Sublinhou que, brevemente, vai arrancar o programa de distribuição de redes mosquiteiras impregnadas às mulheres grávidas e crianças com idades de zero aos cinco anos de idade e Certeza para a purificação de água em várias comunidades daquele distrito.
“Entramos na época chuvosa e na zona está a cair muita chuva nos últimos tempos, por isso é que programamos acções tendentes a minimizar a eclosão de doenças típicas da época como são os casos de diarreias, malária e outras infecções provocadas pelo tempo chuvoso” - disse Chongo.
Disse ainda que as autoridades sanitárias já se encontram a trabalhar nas comunidades na sensibilização da população para a tomada de medidas de precaução contra as doenças, principalmente a observação da higiene individual e colectiva ao nível domiciliário e de maior concentração de pessoas como mercados entre outros lugares.
As brigadas estão a explicar às comunidades sobre o uso correcto de latrinas, lavagem das mãos, confecção correcta de bens alimentares e a fervura de água de consumo doméstico, entre outras medidas pontuais para a prevenção de doenças.
BERNARDO CARLOS
NOTÍCIAS – 22.01.2015