Os confrontos entre garimpeiros moçambicanos e zimbabueanos, que disputam a extracção de ouro do lado de Moçambique na reserva transfronteiriça de Chimanimani, atingiu um nível “inaceitável”, dissemos à Lusa fonte da administração do parque.
Cândida Lucas, administradora da Reserva Nacional de Chimanimani, uma área de conservação transfronteiriça do distrito de Sussundenga e também do distrito da província de ManicaLand (Zimbabué), referiu que a violência associada à exploração ilegal de ouro é uma fonte permanente de preocupação, depois de novos confrontos na sexta-feira, na região de Manica.
"A violência é o problema mais grave que acontece no garimpo na Reserva Nacional de Chimanimani", declarou Cândida Lucas, acrescentando que 80% dos garimpeiros ilegais no parque são de origem zimbabueana e da etnia Muchurugo, "muito unida para lutas em grupos".
Na sexta-feira, três garimpeiros morreram e cinco agentes da Polícia ficaram feridos, em confrontos durante uma operação da corporação para impedir a extracção ilegal de ouro, provocando uma revolta popular que paralisou a vila de Manica, uma região vizinha de Chimanimani.
Na operação, a polícia deteve 80 garimpeiros, dos quais 56 zimbabueanos, envolvidos nos tumultos com a força ambiental em minas ilegais naquele distrito transfronteiriço fértil em recursos minerais.
Um novo levantamento do parque, disse Cândida Lucas, concluiu haver uma redução considerável do número de garimpeiros no interior da Reserva, que se supõe estar relacionada com a escassez de minério, forçando a deslocação do grupo para a zona de Maronga, no limite sul da área protegida, seguindo um filamento de ouro, mas sem acampamento fixo.
A administração da Reserva, que acaba de introduzir a polícia ambiental, fez a revisão dos limites, em 2014, para excluir grandes aglomerados das populações, que se foram concentrando desde 2003, quando foi estabelecida a Área de Conservação Transfronteiriça, uma zona com espécies raras de flora e fauna, resultantes da combinação especial de altitude, solos, chuvas e fogo.
"Há muita esperança de que vamos melhorar esta situação do garimpo com a vinda de uma força especial para intervir nos parques e reservas nacionais", disse Cândida Lucas, admitindo que os gestores chegaram a pensar em criar associações de garimpo, como forma de delimitar as áreas para aquela prática, mas a medida seria controversa por licenciar estrangeiros para mineração ilegal.
Lusa – 24.02.2015