O Governo moçambicano admitiu hoje a possibilidade de alargar a missão de observadores militares do acordo de cessação de hostilidades, apesar do impasse sobre o desarmamento da Renamo.
Segundo o chefe da delegação do Governo, José Pacheco, no processo de diálogo de longo-prazo com a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), a prorrogação da equipa de observação da cessação das hostilidades militares (EMOCHIM) está condicionada às conclusões do relatório dos próprios observadores, ao fim de um prazo de 135 dias.
"O Governo, certamente, como sempre, está disposto a abrir espaço [para o alargamento da missão]. Se continuarmos na estaca zero, não estamos em condições de adotar uma prorrogação", afirmou o chefe da delegação governamental, à margem de mais uma ronda de diálogo com o principal partido e oposição.
No último encontro, há uma semana, José Pacheco declarou que o mandato dos observadores militares no processo de desarmamento da Renamo poderá não ser renovado, uma vez que "não estão a fazer nada".
"Não cremos que haja matéria capaz de influenciar a manutenção de pessoas que não estão a fazer nada", afirmou na ocasião José Pacheco, no fim da 94.ª sessão do diálogo com a Renamo e que se encontra bloqueado há semanas no ponto do desamamento e integração dos homens da oposição nas forças de defesa e segurança.
"É verdade que nos termos de referência há espaço para [o mandato] ser prorrogado, mas essa prorrogação não é automática. É em função do desempenho concreto", considerou então o também ministro da Agricultura, recordando que ainda espera pela lista dos homens da Renamo, que por sua vez insiste na criação prévia de um modelo de integração.
A EMOCHIM decorre do acordo de paz, celebrado a 05 de setembro em Maputo, pelo ex-Presidente moçambicano Armando Guebuza e pelo líder da Renamo, Afonso Dhlakama, e que colocou termo a mais de 17 meses de confrontações militares na região centro, com um número desconhecido de mortos e milhares de deslocados.
A equipa de observadores é integrada por 35 elementos indicados pelo Governo e outros tantos pela Renamo e ainda por 23 peritos militares internacionais, incluindo de Portugal, e tinha um mandato de 135 dias.
HB // JMR
Lusa – 23.02.2015