A empresa Coal India (CIL) decidiu retirar-se do consórcio estatal do país International Coal Ventures (ICVL), composto por cinco empresas com o propósito específico de adquirir matérias-primas no estrangeiro, nomeadamente carvão no centro.
De acordo com um comunicado enviado este mês ao regulador indiano, e citado hoje no jornal indiano The Hund Business Line, a CIL anuncia a saída do consórcio, depois de já ter afirmado anteriormente que a permanência naquele conjunto de empresas está apenas a trazer um aumento de encargos sem os correspondentes benefícios.
O consórcio ICVL foi criado em 2009 com o objetivo de garantir um fornecimento de longo prazo de matérias-primas críticas para o desenvolvimento da Índia, nomeadamente para a indústria do aço.
A notícia da saída da CIL do consórcio acontece poucos dias depois a empresa ter confirmado à agência noticiosa Platts que em setembro irá decidir sobre a continuidade das suas operações em Moçambique, nomeadamente em Moatize, na província de Tete, dependendo da qualidade do carvão em exploração nessa zona.
A saída do consórcio surge também no mês seguinte ao anúncio, por parte destas cinco empresas coligadas, de um investimento de quase 2 mil milhões de dólares (1,7 mil milhões de euros) numa central elétrica e num projeto de carvão-líquido, para além de explorar 13 milhões de toneladas do combustível nos próximos três anos em Moçambique.
O presidente executivo deste consórcio de cinco empresas públicas indianas especificamente criado pelo Governo indiano para encontrar minérios e metais destinados ao seu mercado interno, Nirmal Chandra Jha, em declarações citadas no jornal Indian Express, em janeiro, afirmou que a crise do carvão para as empresas estará brevemente terminada, e que as reservas em Moçambique são suficientes para alimentar as centrais indianas durante 35 anos.
A central elétrica, a construir na província de Tete, é um dos vários investimentos que estão a ser feitos nesta zona do noroeste de Moçambique, onde estão situadas as maiores reservas de carvão e também a barragem de Cahora Bassa, que serve Moçambique, a África do Sul, o Zimbabué e a Zâmbia.
Entre os investimentos estão outras centrais elétricas como a Ncondezi, que em setembro disse que estava em conversações com a Eletricidade de Moçambique para vender a eletricidade que começará a ser produzida a partir de 2018.
No final de outubro, a Lusa noticiou que o consórcio estatal indiano Coal Ventures (ICVL) se preparava para investir 500 milhões de dólares (395 milhões de euros) em infraestruturas associadas à exploração de carvão em Moçambique, citando a agência noticiosa da Índia PTI.
O investimento, a realizar em dois ou três anos, visa melhorar as condições logísticas no escoamento do carvão em Moçambique, incluindo uma rede ferroviária de 500 quilómetros, estradas e instalações portuárias, disse então uma fonte do consórcio público indiano à PTI.
Em julho, o ICVL negociou por 50 milhões de dólares (39,5 milhões de euros) a aquisição das minas de carvão que a Rio Tinto detinha em Moçambique.
O negócio, concretizado no início de outubro, envolve a totalidade das minas que a Rio Tinto possui nas províncias da Zambézia e Tete e 65% das reservas de Benga (também em Tete) e pelas quais a multinacional anglo-australiana tinha pago mais de 3 mil milhões de dólares (2,3 mil milhões de euros) em 2011 à Riversdale Minining.
A mina de Benga é a única em funcionamento e a ICVL pretende aumentar, até 2017, a atual exploração de cinco milhões de toneladas por ano para 12 milhões, precisou a mesma fonte, reconhecendo que a operação neste momento perde dinheiro e que aquele objetivo está dependente do investimentos em instalações logísticas e infraestruturas.
Lusa – 24.02.2015