ENTRE cinco e seis mil animais são mortos por ano por caçadores furtivos no Parque Nacional de Gorongosa (PNG), na província de Sofala, revelou quinta-feira, em Maputo, o director da principal área protegida do país, Mateus Mutemba. “Ano após ano registamos um aumento de casos de caça furtiva”, disse Mutemba, durante a assinatura de um protocolo com o Grupo Entreposto, que ofereceu 125 mil dólares (110 mil euros) à Unidade de Luta Contra a Caça Furtiva do PNG.
Em 2014, segundo o director do parque, foram presos 250 caçadores furtivos, desactivadas 3300 armadilhas de vários tipos e apreendidas 180 armas caseiras, uma delas capaz de abater um elefante.
“O elefante é uma das espécies emblemáticas e das mais procuradas neste mundo do tráfico. Só em 2014 perdemos três”, revelou Mateus Mutemba.
“Temos uma força de 120 homens que, dia e noite, fazem a protecção do parque, mas precisamos de reforçar não só a sua capacidade de treinamento mas também os equipamentos que eles usam”, assinalou, acrescentando que “a ameaça da caça furtiva requer uma maior aptidão e diversificação de métodos e técnicas para o seu combate”.
O PNG irá contar com um apoio importante no combate à caça furtiva de animais. O Grupo Entreposto, empresa portuguesa que actua também no país, Brasil e Timor-Leste, assinou um acordo válido para os próximos quatro anos que visa ajudar a combater o problema.
Entre as medidas previstas no apoio prestado está a actualização da formação dos fiscais do parque, o incremento das patrulhas aéreas e a compra de uma embarcação para garantir uma maior segurança nos rios circundantes.
A caça furtiva tem concorrido para a redução da receita turística, de elefantes e de rinocerontes no PNG, onde caçadores furtivos envenenam os animais e devastam a respectiva fauna e flora.
Dados divulgados no ano passado pelo Ministério do Turismo indicavam que entre 1972 e 2012, o Parque Nacional de Gorongosa perdeu 92 por cento da população de elefantes (há 40 anos existiam 14.000 desta espécie) e 99 por cento dos elefantes (eram 2500 na mesma altura), ao reduzirem para uma população global de 400 animais.
Para inverter a situação, o Parque Nacional de Gorongosa, em parceria com o Ministério do Turismo, plantou em 2013 quatro milhões de árvores de espécies nativas.
As duas entidades já catalogaram cerca de três mil espécies de flora e fauna, visando proteger e conservar a biodiversidade, e estão a recrutar e treinar técnicos moçambicanos para combaterem a caça ilegal, exploração ilícita de recursos florestais e faunísticos, envenenamento de animais e queimadas descontroladas.
NOTÍCIAS – 07.02.2015