Depois de ter enviado membros da Comissão Política para várias províncias para condenar o projecto da Renamo, para a criação de autarquias provinciais, a Frelimo parece agora moderar o discurso. Em conferência de imprensa realizada ontem em Maputo, Damião José, porta-voz da Frelimo, disse que o assunto das autarquias provinciais deve ser debatido na Assembleia da República.
“O assunto das autarquias provinciais foi submetido à Assembleia da República. Na nossa opinião, é o local ideal. Vamos deixar que a Assembleia da República analise, e as bancadas também se posicionem sobre o assunto.”
É uma mudança de discurso que não deixa de ser estranha, se se considerar que os membros da Frelimo, há dias, diziam claramente que o projecto seria reprovado pela sua bancada e que era um absurdo. De resto, a viragem de discurso acontece numa altura em que o presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, reafirma que, se a Frelimo reprovar a proposta, “vai haver confusão”. Os trabalhos da Assembleia da República têm o seu início no dia 31 de Março.
Sucessão não é preocupação
Entretanto, começa hoje a IV Sessão Ordinária do Comité Central da Frelimo. Um dos pontos que se supõe que venha a ser debatido, mesmo que não conste na agenda de trabalhos, é a substituição de Armando Guebuza como presidente do partido Frelimo. Damião José diz que este assunto não é preocupação dentro desse partido. “O ponto da sucessão não é preocupação dentro do nosso partido”, disse Damião José, tendo também afirmado que há uma agenda de trabalhos proposta pela Comissão Política e que não foi contestada pelos membros do Comité Central, quer individual, quer colectivamente. Damião José não explicou como é que os membros do Comité Central poderiam contestar a agenda fora da sessão do Comité Central e antes de essa sessão começar. Por outro lado, Damião José explica que o Comité Central é soberano e, caso ache pertinente, poderá levantar o assunto durante a sessão de aprovação da agenda de trabalhos. (André Mulungo)
Canalmoz – 26.03.2015