Centelha por Viriato Caetano Dias ([email protected] )
“A obrigação de defender a Pátria é como carregar uma mercadoria que não pode ser deixada no chão. Quando um está cansado, passa para outra pessoa”Conversa com o amigo N´kulu.
Não estou à espera que os incautos me aplaudam. Nem é este o meu objectivo. O Centelha deixará de existir se, por qualquer acto de intimidação, levar o seu autor a mudar de carácter. Não mudo de carácter.
Admito vir a mudar de ideias, se o “professor tempo” provar-me o contrário, desde que os meus detractores o façam sem imposição e tendenciosidade. Para quem desde cedo enfrenta sozinho, neste impiedoso “Vale de Lágrimas”, os adamastores da vida, sabe que é proibido ter medo. Não tenho e nunca tive medo dos acontecimentos, nem das suas consequências. Não sou uma “tábua rasa” para não mudar de ideias, mas não me vendo nem com pepitas de ouro, muito menos com jazidas de gás e/ou petróleo.
O meu preço são as liberdades. Não passa muito tempo que escrevi “A consciência para quem não se 'atrela' e 'acorrenta' aos bens materiais chega a funcionar como uma via-férrea, que mesmo perante uma curva, não altera nem perde a sua firmeza e consistência.”
Este cara, parafraseando o Rei Roberto Carlos, sou eu! Um pouco de caturrice não faz mal a ninguém, não é verdade?
Dói. Dói muito quando alguns compatriotas alinham-se ao ocidente para criticar o presidente Mugabe. Não sabem porque o fazem, apenas ecoam as críticas contra um dos mais queridos filhos desta África mãe. Insultam-no porque se recusa entregar o poder a “antigos patrões”. Criam-se estrabismos quando se pretende apontar culpados do fracasso do Zimbabwe e de África em geral, ilibando (talvez por esquizofrenia) os que impuseram sanções e pariram uma oposição interna fantoche para dividir os zimbabweanos. Já agora: por onde andam aqueles instrumentalizados? O povo que é o maior mestre deu-lhes a devida licção. Chamam Mugabe de Hitler e aos líderes ocidentais (que quebram a paz e a unidade nacional em terras de prosperidade) de Messias.
Mugabe é um justiceiro e único líder africano que ousa desafiar as mandibulas caninas dos seus detractores.
As investidas para a neocolonização são uma realidade, daí que Mugabe entendeu expulsar do seu espácio geográfico farmeiros intrusos e saudosistas da exploração do Homem negro. Um amigo meu disse-me um dia que não se impede a colonização com decretos.
São precisas acções concretas. A África não pode ser, como afirmou AgostinhoNeto, um corpo inerte onde cada abutre vem debicar o seu pedaço.
Dizem também que Mugabe é ditador ao mesmo tempo que se esforçam em se esquecer das monarquias europeias onde prevalecem o sistema de castas e segregação social, criando privilégios especiais de uns (família nobiliárquica) contra outros (maioria da população sofredora).
Os mesmos grupos de analistas que tentaram sem sucesso denigrir a imagem do presidente Mugabe fazem-no, agora, contra outros líderes africanos.
Já ouvimos dizer que o antigo presidente da República, Armando Emílio Guebuza, devia ser julgado pela prática de actos ilícitos envolvendo empresas transnacionais que operam no país no ramo de hidrocarbonetos. É conhecida a minha frontalidade no consulado de Guebuza, francamente, ninguém está em condições de provar essas acusações.
É frequente no país o sonho transformar-se em verdade, desde que o seu mentor espalhe o boato, para que o “arguido” seja julgado e linchado em praça pública. É a nova sina: “quem não proporciona refeições à malta, é nosso carrasco”. Guebuza terá que ser forte, muito forte, porque a praga dessa gente não desgruda. De facto, quem assim disse não se enganou (nem é gago): “A inveja é a podridão dos ossos”.
Já ouvi chamarem ditador à Paul Kagame e à Omar al-Bashir. Que mal fazem estas sumidades aos seus povos? Absolutamente nada. Apenas porque trocaram de tradicionais mercados, para novos, o do oriente, facto que lhes vale o apodo de ditador. Quando estes líderes prestavam vassalagem aos “antigos patrões”havia um casamento perfeito e até eram endeusados.
Mas quando o patrão passou a ser o povo, assistimos uma campanha de calúnia e difamação contra os nossos heróis. Para os enfrentar cobardemente criaram grupos terroristas para fazer crer a opinião pública que os líderes africanos não servem. Enganam-se, porque a história provará o contrário.
Numa conversa com o amigo N´kulu, visivelmente furioso face ao comportamento de alguns analistas e organizações da sociedade civil que respiram o ódio contra as bússolas do nosso continente, disparou: “Há ignorantes que vomitam asneiras a cada momento e porque o mundo é generoso, magnânimo, tolera-os. E por serem tolerados, mudam de estatuto, passando a ser considerados doutos. Porquê o mundo tolera os ignorantes? Porque é mais barato para o mundo. Quem ousar criticar ou desnudar um ignorante, arrisca-se a colher a revolta com juros: recebe impropérios e insultos da idade do paleolítico. Dizer a um ignorante que é ignorante, é como obrigar a alguém a saldar dívidas de banhos não tomados desde os tempos do antanho. A tolerância não é sinal de concordância: apenas gestão e poupança face aos perigos de querer endireitar o torto já com barbas de antiguidade.”
Disse.
Zicomo (obrigado).
WAMPHULA FAX – 23.03.2015