700 imigrantes estão desaparecidos no mar Mediterrâneo, depois de a traineira onde viajavam em Itália ter naufragado. Foram resgatados 24 corpos. Navio português terá sido o primeiro a prestar apoio.
Mais uma embarcação com imigrantes naufragou no Mediterrâneo
Cerca de 700 imigrantes estão desaparecidos no mar Mediterrâneo, depois de a traineira onde viajavam com destino a Itália ter naufragado a 60 milhas da costa da Líbia, informam meios de comunicação social locais. A confirmar-se, terá sido o pior desastre dos últimos tempos a envolver imigrantes no Mar Mediterrâneo, afirmou Joseph Muscat, primeiro-ministro de Malta.
As mesmas fontes, citadas pelas agências EFE e AFP, acrescentam que terá sido um barco português que fez uma chamada de emergência para a guarda costeira italiana, depois de ter salvado 28 sobreviventes, que relataram que o barco transportava outras 700 pessoas. O alerta foi dado à meia-noite.
A marinha de Malta avançou que seriam cerca de 650 as pessoas que estariam a bordo da traineira. Na operação de resgate, estão envolvidos 20 barcos italianos, de Malta e da marinha mercante. Também existem três helicópteros a sobrevoar a costa da Lampedusa.
A Marinha Portuguesa já confirmou à agência Lusa o envolvimento de um navio com bandeira portuguesa nas operações de busca e salvamento do naufrágio no mar do mediterrâneo. O navio encontrava-se a navegar na zona do naufrágio, tendo sido contactado pelo Centro Coordenador de Buscas e Salvamento Marítimos de Itália para prestar assistência.
O porta-voz da Marinha, comandante Paulo Vicente, adiantou que o navio com bandeira portuguesa “King Jacob” está envolvido nas operações desde as 22h30 de sábado
O porta-voz da Guarda Costeira italiana disse à BBC que estava focada na operação de procura de sobreviventes e de resgate, mas que “em breve, passaria a ser apenas uma busca [por corpos] apenas”.
De acordo com a agência noticiosa italiana Ansa, já foram retirados do mar 24 corpos. No ano passado, cerca de 170 mil pessoas fugiram dos conflitos no continente africano e do Médio Oriente, em direção a Itália. Estima-se que já tenham morrido milhares de imigrantes.
O primeiro-ministro maltês Joseph Muscat disse que a equipa envolvida na operação de resgate estava”literalmente, a tentar encontrar sobreviventes entre os corpos que flutuam no mar”.
De acordo com a informação avançada pelos sobreviventes, o barco onde seguiam ter-se-á virado quando os imigrantes tentaram chamar a atenção de um navio da marinha mercante, que estava a passar perto da traineira.
10 mil imigrantes envolvidos em operações de resgate
Na última terça-feira, cerca de 400 pessoas também terão perdido a vida a caminho de Itália. De acordo com a informação avançada pela organização não-governamental Save The Children, os imigrantes terão partido da Líbia 24 horas antes do naufrágio.
Entretanto, segundo a BBC, a Guarda Costeira italiana terá ajudado a salvar cerca de 10 mil imigrantes ilegais, que se deslocavam para Itália, na última semana. As autoridades creem que, pelo menos 900 pessoas, já tenham morrido no Mar Mediterrâneo, desde o início do ano.
Em outubro de 2013, Durão Barroso, então presidente da Comissão Europeia, deslocou-se à ilha de Lampedusa, juntamente com a comissária europeia do Interior, Cecilia Malmström, na sequência da tragédia que vitimizou 289 pessoas.
Na altura, os membros da Comissão Europeia foram recebidos com insultos e gritos de “assassinos”, e Durão Barroso disse que “o problema” que se estava a viver em Iália era um problema de “toda a Europa”. Cecilia Malmström e o presidente da Comissão Europeia visitaram a ilha a convite do primeiro-ministro italiano Enrico Letta.
“A Comissão está convicta de que a União Europeia não pode aceitar que milhares de pessoas morram nas suas fronteiras. O desafio de Lampedusa e da Itália é um desafio europeu”, disse Durão Barroso. Cecilia Malmström disse ainda que “muito mais deveria ser feito”.
O Papa Francisco também escolheu a ilha italiana para a sua primeira viagem apostólica. Foi lá para “chorar os mortos” dos naufrágios de embarcações que transportam imigrantes do Médio Oriente e Norte de África, em julho de 2013. Disse que Lampedusa era um “exemplo para todo o mundo” por ter a “coragem de acolher” as pessoas que fogem dos conflitos na sua terra natal.
Este domingo, o Papa Francisco já se manifestou sobre a tragédia que terá provocado cerca de 700 desaparecidos. “Faço um apelo à comunidade internacional, para agir de forma decisiva e rápida, para evitar que tragédias como esta ocorram novamente”, disse
“Dirijo um premente apelo à comunidade internacional para agir de forma decisiva e rapidamente, para evitar tais tragédias ocorram novamente”, disse o Papa Francisco, citado pelo jornal italiana La Reppublica.
In http://observador.pt/2015/04/19/700-imigrantes-desaparecidos-no-mediterraneo-depois-de-naufragio/