Camponeses do distrito de Tsangano, na província central de Tete, justificam a sua fraca participação da presente campanha agrícola alegando que o discurso do líder da Renamo, Afonso Dhlakama, que indicia a eventualidade de retorno à guerra e a movimentação de homens armados afastaram-lhes das machambas.
Os camponeses advertem sobre o risco de uma crise alimentar, devido à fraca participação das pessoas na presente campanha agrícola, situação que poderá ser agravada pelas constantes deslocações das pessoas à procura de zonas mais seguras nos próximos tempos, caso os homens da Renamo não sejam desarmados.
Estamos inseguros e muitos de nós preferimos não ir a machamba, ficar em casa, porque tememos cruzar com os homens da Renamo, que já queimaram casas e raptaram alguns líderes comunitários na localidade de Chibaene, disse um camponês, citado na edição de hoje do jornal Noticias.
Falando num comício orientado pelo governador de Tete, Paulo Auade, os populares disseram que os homens da Renamo, para além de se apoderarem indevidamente de produtos alimentares dos camponeses, surripiam também dinheiro e electrodomésticos, principalmente aparelhos sonoros, nas comunidades por onde passam.
Segundo os populares, aquando da sua recente passagem por Tsangano, o líder da Renamo ameaçou escorraçar a administradora e os membros do Governo distrital, e tomar o poder.
Estas ameaças, segundo a fonte, obrigam a população a equacionar a possibilidade de abandonar a região e refugiar-se no vizinho Malawi, à semelhança do que aconteceu na guerra de desestabilização dos 16 anos, em que muitos aldeões da zona passaram a maior parte da sua vida naquele país vizinho.
A movimentação permanente de homens armados da Renamo nas povoações do distrito sinaliza preparativos do eventual retorno à guerra, disseram.
O Governador Paulo Auade sossegou os cidadãos presentes afirmando que o Governo central está a envidar esforços para trazer uma paz definitiva para o país, tendo em vista o rápido desenvolvimento socioeconómico nacional.
Não fiquem com medo, essas ameaças (de Dhlakama e seu partido) um dia vão terminar. Continuem a trabalhar nas vossas machambas. Circulem à vontade e procurem sempre na medida do possível conhecer bem as visitas que escalam as vossas comunidades, apelou o governante.
Devido as ameaças de retorno a guerra a governadora da província de Gaza, Stella Pinto Zeca, trabalhou sexta-feira nas aldeias de Maimane e Nhamboze, no posto administrativo de Nalaze, no distrito de Guijá, onde apelou às cerca de 50 famílias ali refugiadas para regressarem às suas comunidades, pelo facto de finalmente se ter restabelecido a paz e tranquilidade na zona.
Os aldeões abandonaram as suas casas na sequência dos ataques perpetrados por homens armados da Renamo contra posições das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) estacionadas no local.
Segundo a Stella Zeca, uma vez restabelecida a tranquilidade, o Governo vai assumir e cumprir as suas obrigações de garantir as necessárias condições para que os camponeses possam rapidamente retomar as suas actividades normais, designadamente a produção agrícola e pecuária.
Quando a população se encontra numa situação de insegurança, nós, temos de garantir a sua segurança e protecção para que ela possa trabalhar num ambiente sereno e tranquilo, sem nenhuma perturbação, disse a governadora de Gaza.
Cerca de 300 crianças do posto administrativo de Nalaze foram obrigadas a abandonar as aulas por causa da presença dos homens armados da Renamo na zona.
Na ocasião, Stella Pinto Zeca disse ter ido a Guijá para estudar com as autoridades locais as melhores formas para garantir o retorno voluntário, porém, organizado da população deslocada, para que possa retomar paulatinamente as suas actividades nos seus locais de origem.
MAD/SG
AIM – 21.04.2015