Entre tropas do Governo e da Renamo
Uma comissão de inquérito da Equipa Militar de Observação da Cessação das Hostilidades Militares (EMOCHM) dirigida pelo coronel zimbabweano Nelson Munjaranji saiu, no passado sábado, do subcomando regional de Inhambane com destino ao distrito de Guijá, província de Gaza, onde vai investigar os incidentes que há duas semanas envolveram tropas governamentais e homens da Renamo, soube o “Canalmoz”, de fontes militares.
A EMOCHM esteve reunida na passada sexta-feira com os peritos militares do Governo e da Renamo, no âmbito dos encontros semanais, tendo sido anunciado que a referida comissão é supervisionada pelo adjunto de comissário da Polícia Xavier Tocoli, em representação do Governo, e pelo jurista e deputado Ezequiel Gusene, em representação da Renamo.
Na segunda-feira da semana passada, no decorrer da 100.a ronda do diálogo político, a delegação da Renamo propôs a criação de uma comissão de inquérito para averiguar a origem dos confrontos, depois de acusações do Governo de que forças militares da Renamo atacaram um posição das FADM na lagoa de Mpunze, localidade de Nhabondze, posto administrativo de Nalazi, no distrito do Guijá.
As duas forças militares confrontaram-se nos dias 2 e 4 deste mês, sem registo de vítimas humanas, em ataques que, na versão da Renamo, foram realizados por tropas do Governo que vêm perseguindo as forças da Renamo desde Inhambane, estando estas em progressão para o Sul do país, numa tentativa de evitar choques com as FADM e a UIR.
Fontes disseram que as tropas disputavam a lagoa de Mpunze, onde as FADM, por saberem que os homens da Renamo e a população aí buscam água devido à falta desta na região, foram montar posições militares para impedir o avanço das tropas da Renamo para o Sul do país, concretamente para Maputo.
O Governo considerou os ataques como sendo o culminar das contantes ameaças do presidente da Renamo nos seus discursos durante o périplo pelo país, acrescentando que se tratou de uma violação do Acordo de Cessação das Hostilidades Militares assinado em Setembro de 2014.
As duas delegações regressam hoje, segunda-feira, ao Centro de Conferências “Joaquim Chissano”, para a 101.a ronda de negociações, a fim de discutirem os pontos pendentes sobre as questões militares e a despartidarização do Estado, esperando-se que possam harmonizar a matriz que visa a entrada em acção do trabalho da EMOCHM nos 60 dias de prorrogação. (Bernardo Álvaro)
CANALMOZ – 13.04.2015