O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, acusou uma suposta “ala radical” da Frelimo de não querer o projecto de criação de autarquias províncias, negando que a proposta vise dividir o país.
"Os radicais (da Frelimo) não querem províncias autárquicas, alegando que se pretende dividir o país. Quem disse que queremos dividir o país? Muito pelo contrário, queremos um Moçambique centrado no desenvolvimento igual para todas as províncias", afirmou Dhlakama, no domingo, na província da Zambézia, citado hoje pelo jornal O País.
Segundo o líder do Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), o projeto do seu partido vai ser discutido na quinta-feira, embora não exista ainda confirmação oficial da Assembleia da República.
O presidente do maior partido de oposição recordou que a iniciativa de propor à Assembleia da República o Projeto do Quadro Institucional das Autarquias Provinciais nasceu dos encontros que manteve com o chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, no âmbito da busca de soluções para o fim da crise pós-eleitoral, gerada pela recusa do principal partido de oposição de reconhecer os resultados das eleições gerais de 15 de outubro.
As declarações de Afonso Dhlakama surgem em resposta ao pronunciamento de Nyusi de que não gostaria de se ajoelhar para pedir a paz, feito na semana passada, na província de Maputo.
"Não gostaria de pedir, ajoelhar, a um outro moçambicano, ´quero paz`, porque esse moçambicano, qualquer um de nós, tem a obrigação de trazer paz para este país", afirmou Nyusi, durante um comício no distrito de Marracuene, província de Maputo, sul do país, no âmbito da presidência aberta que realizava à região.
Na sexta-feira, Nyusi voltou ao assunto, em conferência de imprensa realizada na cidade da Matola, arredores de Maputo, declarando-se pronto para um novo encontro com Dhlakama, desde que a ordem dos trabalhos seja clara.
"A ser bem formatada a agenda, estou pronto", disse o Presidente da República, negando estar em curso uma operação militar contra os homens armados da Renamo.
Moçambique vive momentos de incerteza, face às ameaças do líder da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), Afonso Dhlakama, de tomar o poder pela força, caso o projeto de lei do movimento que prevê a formação de governos provinciais pela organização seja chumbado pela Assembleia da República, dominada pela Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), partido no poder.
A Renamo e o Governo têm trocado acusações sobre movimentação de forças militares em algumas zonas do país e nos últimos tempos tem acusado um ao outro de ataques no distrito de Guijá, na província de Gaza, sul do país.
Lusa – 27.04.2015