O LÍDER da Renamo, Afonso Dhlakama, confirmou no sábado, na Beira, a informação divulgada na semana passada pela Polícia da República de Moçambique (PRM) segundo a qual cerca de 100 homens armados do ex-movimento rebelde atacaram na passada quinta-feira, por volta das 14.00 horas, uma posição das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) próximo da Lagoa Mpunze, no posto administrativo de Nalazi, distrito de Guijá, em Gaza, sem, contudo, provocar vítimas humanas.
O porta-voz do comando da corporação policial na região, Jeremias Langa, disse então que se trata de um grupo pertencente à formação de Afonso Dhlakama que tem vindo a movimentar-se desde meados de Março da zona centro para o sul do país, com objectivos ainda não claros. Apesar disso, a PRM apela à calma e na sexta-feira anunciou a captura de três presumíveis integrantes daquela incursão armada.
Por seu turno, no sábado, falando a jornalistas na Beira, depois de dirigir um comício, Afonso Dhlakama disse que naquele mesmo dia foi também desencadeado o segundo ataque na mesma região, atribuindo, porém, todo o protagonismo às FADM, numa alegada perseguição aos seus homens armados.
“A Renamo não atacou, mas foi bombardeada na quinta-feira, em Guijá, no posto administrativo de Nalazi, que dista 80 quilómetros de Xai-Xai, por militares que saíram de Maputo, e, felizmente, os obuses não entraram na base. Usaram metralhadoras e morteiros de 60 milímetros e até dispararam armas ligeiras”, alegou Dhlakama.
Acrescentou estar em contacto com o brigadeiro da Renamo que disse estar bem de saúde, no comando do seu contingente no terreno.
“Outros (militares da Renamo) saíram do sítio para outro lugar, por razões de segurança, e hoje (sábado) eles voltaram a ser bombardeados por morteiros de 82 milímetros, pelas FADM”, declarou Dhlakama, alegando posteriormente ter pedido calma aos seus homens, anunciando que sábado ou domingo usaria canais próprios para fazer chegar o assunto ao Presidente da República, Filipe Nyusi, para apelar ao fim da incursão armada das FADM, antes que os comandos da Renamo comecem a desobedecer-lhe.
“Portanto, confirmo que houve ataques e tratou-se de bombardeamentos feitos pelas tropas do Governo contra bases da Renamo, no distrito de Guijá, em Gaza”, declarou Dhlakama, alegando que as suas forças se encontram naquela província fugindo das perseguições que lhes são movidas pelas FADM.
O problema de fundo, segundo ele, é que as FADM chegam perto das posições da Renamo, separando (as duas forças) por uma distância de apenas 10/15 quilómetros, o que faz com que os ex-guerrilheiros da Renamo receiem ser surpreendidos por ataques, esquivando-se ou para direita ou para esquerda; ou para o norte ou para o sul do país. “E neste caso, a táctica da Renamo não é esquivar-se para o norte, mas sim para o sul e acabará por entrar na província de Maputo”, disse Dhlakama.
Tudo isto, na sua versão, deriva da perseguição que as tropas do Governo estão a fazer contra as forças da Renamo em Sadjundjira, Nampevo e Muxúnguè, onde criaram novas posições, quando isto foi proibido no Acordo de Cessação das Hostilidades de 5 de Setembro do ano passado, cuja preocupação já foi reportada até à EMOCHIM.
Horácio João
NOTÍCIAS – 06.04.2015
NOTA:
Alguém ouviu Dhlakama a dizer que a Renamo atacou? Parece-me que só o jornalista do NOTÍCIAS.
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE