A concertação de iniciativas visando a reabilitação da primeira Escola de Artes e Ofícios do país, fundada em 1879, na Ilha de Moçambique, está a devolver o prestígio e o papel que aquela instituição de ensino técnico-profissional, ora transformada em Escola Profissional, teve no seu processo de ensino e aprendizagem dos ilhéus e não só ao longo de vários anos.
De acordo com o director da escola, Eugénio Júlio, a recuperação da instituição, incluindo o respectivo internato, foi materializada pela Associação dos Amigos da Ilha de Moçambique, Concelho Municipal e a organização OIKOS, cujos valores, no entanto, não foi revelada.
A reabilitação da Escola Profissional comportou as doze salas de aulas, a secretaria, três gabinetes, sala de professores, uma biblioteca, o anfiteatro, uma cisterna com capacidade para 500.000 litros de água, para além de um bloco de casas de banhos para ambos os sexos.
No passado ano lectivo escolar a EPIM inscreveu 305 alunos distribuídos nas especialidades de funcionário administrativo, pedreiro, serralheiro soldador e empregado de mesa e bar, à luz do novo modelo de ensino de avaliação e progressão modulares, segundo o regulamento das escolas profissionais.
Daquele número de alunos matriculados, três desistiram, tendo sido avaliados os restantes 302, dos quais 260 com aproveitamento positivo, e das 113 raparigas inscritas para estudarem naquele ano, apenas uma não chegou ao final do ano.
O director da Escola Profissional da Ilha de Moçambique entende que, no processo de ensino e aprendizagem naquele estabelecimento, cabe a cada aluno/formando a responsabilidade de conceber, realizar e avaliar o seu projecto individual mediante a orientação e acompanhamento de um ou mais professores/formadores que leccionam na instituição.
Com os valores recebidos no âmbito do programa Apoio Directo às Escolas, a direcção impôs algumas prioridades que permitiram a criação de condições que proporcionaram maior eficácia na operacionalização do plano de produção escolar, aquisição de consumíveis para práticas oficinais e laboratoriais, assim como a manutenção das infraestruturas físicas do estabelecimento.
Para além de, durante aquele período, ter logrado a construção, na serralharia local, de cinco armações de mesas, 18 cadeiras metálicas para sua própria utilidade, cinco ancinhos, fogões a carvão, que foram comercializados, 675 blocos de cimento e 18 carteiras de madeira para serventia interna.
Desde que o processo de ensino e aprendizagem foi reactivado naquela escola em 2003, depois de um interregno de quase cinco anos por questões de ordem organizacional e financeiro, foram já graduados pela Escola Profissional, antiga Artes e Ofícios da Ilha de
Moçambique, pouco mais de 650 alunos até o ano passado, sendo 244 raparigas nas diferentes áreas de formação.
Para os estágios pré profissionais e práticas simuladas, a EPIM tem contado com a parceria dos governos de diversos distritos da província de Nampula, enquanto a formação de professores, fornecimento de equipamento para os cursos ali leccionados conta com apoio da fundação Portugal/África e da rede Salesiana de Espanha.
WAMPHULA FAX – 15.04.2015
(Foto de 1920 da coleção de Jerry Gomes da Silva)