UMA estátua do colonizador britânico Cecil John Rhodes foi removida quinta-feira, dia 9, da Universidade da Cidade do Cabo (UCT), depois de uma campanha de estudantes que abriu um debate sobre o destino dos monumentos em homenagem aos antigos senhores brancos da África do Sul.
A estátua da UTC passou as últimas semanas coberta, e estudantes negros e brancos faziam protestos frequentes pedindo a sua remoção.
Depois de semanas de acalorados debate e manifestações de protesto, a estátua de Rhodes caiu finalmente na quinta-feira, dia 9. Na véspera, o Conselho de Administração da universidade votara pela sua retirada da entrada do campus.
Max Price, um dos responsáveis da UCT, disse que a estátua não seria destruída, “ela apenas mudou-se para um lugar mais apropriado”.
“A estátua continuará a existir, mas num ambiente diferente, onde as pessoas possam aprender quem foi Rhodes (…), possam saber as coisas negativas que ele representou, a sua atitude racista, o seu comportamento para com os nativos da região (…)”, disse Price, segundo a RFI.
Distante desde o início da polémica, o Governo falou quinta-feira pela voz do porta-voz do Ministério da Cultura. À AFP, Sandile Memela saudou a decisão da UTC, dizendo que era “um passo significativo que permitirá ao país enfrentar o seu passado horrível de forma construtiva e positiva”.
“Nós (Governo) não incentivamos a remoção das estátuas pela violência. É desnecessário e ilegal”, disse Memela, acrescentando que a Universidade do Cabo deu um “bom exemplo”.
“Teremos, nas próximas semanas, uma conferência consultiva (...) sobre estátuas e outros símbolos e monumentos do património colonial”, acrescentou.
Símbolos de opressão, para alguns, a evidência do passado, para os outros, todos os monumentos da era colonial ainda decoram as cidades sul-africanas.
Mas o movimento #RhodesMustFall (“Rhodes deve cair”), da UCT, espalhou-se entre os estudantes nas últimas semanas por todo país.
Por outro lado, o partido radical da Combatentes da Liberdade Económica (FEP, sigla em inglês), de Julius Malema, agarrou-se à causa e exige o derrube de todas as “estátuas coloniais”.
Cecil Rhodes foi político e magnata da mineração, muitas vezes descrito como filantropo, mas também eminentemente racista e arquitecto-chefe da predação económica colonial do Império Britânico na África Austral.
NOTÍCIAS – 11.04.2015