Uma missão da Sofid, instituição financeira de crédito portuguesa, encontra-se desde segunda-feira em Maputo a promover um fundo de investimento de 100 milhões de dólares (94 milhões de euros) para projectos em Moçambique e que se encontrava paralisado há quatro anos.
"O fundo esteve parado desde 2011 até 2014 e esta administração da Sofid propôs aos governos português e moçambicano a sua flexibilização, que ocorreu em Março do ano passado", disse à Lusa Francisco Almeida Leite, membro do conselho de administração da empresa.
O Investimoz foi criado pelos dois estados em 2010, na sequência da alienação do capital da barragem de Cahora Bassa, esclareceu o administrador da Sofid, e da sua dotação de 100 milhões de dólares (94 milhões de euros) apenas três milhões estão a ser aplicados em projectos em Moçambique.
"Há muito dinheiro para pôr nas empresas portuguesas ou nas parcerias luso-moçambicanas", declarou Francisco Almeida Leite, ex-secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e que se encontra, com outros dois administradores da Sofid em Maputo, para promover o fundo junto de 50 empresas dos dois países representadas na feira de construção Tektonica, iniciada na terça-feira na capital moçambicana.
Segundo o administrador da sociedade, detida em 60% pelo Estado português, o Investimoz esteve parado durante quatro anos por "não estar adequado à realidade moçambicana", exigindo um capital social mínimo muito elevado, por afunilar os projectos no sector das energias renováveis e ainda pela própria natureza do fundo, que financia a aquisição de participações empresariais e não o investimento em si.
"É uma mudança cultural que quisemos introduzir aqui e a forma como estava constituída não era a ideal", observou Almeida Leite, acrescentando que "os empresários não procuravam o fundo porque não queriam qualquer tipo de empresário como sócio, preferiam pessoas que já conheciam ou empresas com as quais já tinham negócios".
O Investimoz tem três modelos de financiamento, assentes na participação do fundo no capital de empresas portuguesas ou consórcios luso-moçambicanos ou ainda no empréstimo para a aquisição de participações em sociedades dos dois países.
A vantagem deste modelo "é os empresários perceberem que têm um fundo como sócio, que é dos dois governos, e isso dá uma coisa muito importante que é conforto político", defendeu o administrador da Sofid, considerando que "essa também é uma vantagem competitiva".
"Há sócio mais confiável do que os dois estados e que é fruto desta amizade de muitos anos?", questionou.
Com a flexibilização do fundo encetada no ano passado, todos os sectores estruturantes da economia moçambicana são elegíveis, excepto o especulativo imobiliário, o capital social mínimo diminuiu para 150 mil dólares (140 mil euros ao câmbio actual) e o período de apoio aumentou para nove anos.
"Isso dá tempo para uma empresa decidir quando quer recomprar a parte do capital social que se atribuiu ao fundo", assinalou Almeida Leite, sublinhando que o Investimoz também apoia sociedades que se promovem no mercado moçambicano pela primeira vez.
"Temos agora boas notícias para apresentar e viemos tratar da promoção do fundo nesta feira da Tektonica e também tratar da parte dos registos junto das entidades oficiais, coisa que não tinha sido feita até 2014", declarou o administrador da Sofid, cuja missão inclui, na sua agenda até sexta-feira, encontros com a Embaixada de Portugal e com o AICEP em Maputo, a comissão conjunta do Investimoz, empresas dos sectores da construção, turismo e indústria e com o Centro de Promoção de Investimentos de Moçambique.
Lusa – 22.04.2015