O presidente zimbabweano e em exercício da Comunidade de Desenvolvimento de África Austral (SADC), Robert Mugabe, manifestou hoje a sua crença no sucesso da implementação da Estratégia e o Roteiro para a Industrialização Regional.
Mugabe disse esperar que esta estratégia seja implementada de forma eficaz, devido ao seu enorme potencial para gerar oportunidades para além das fronteiras da região, levando ao crescimento e desenvolvimento económico sustentável.
O estadista zimbabweano falava na abertura da Cimeira Extraordinária da SADC que esta quarta-feira decorreu em Harare, sob lema Uma estratégia regional para os caminhos da industrialização e na qual Moçambique foi representado ao mais alto nível, através do Presidente da República, Filipe Nyusi.
Mugabe apontou a industrialização da região como uma plataforma importante para a redução das desigualdades económicas existentes em relação a outras regiões do mundo.
A Estratégia e o Roteiro para a Industrialização Regional, cuja elaboração foi recomendada em 2014 na Cimeira havia em Victoria Falls, Zimbabwe, e envolveu vários intervenientes dos países membros, foi aprovada hoje pelos líderes da região durante a cimeira, depois da sua análise e respectiva harmonização pelo Conselho de Ministros da SADC.
Espero que, uma vez apreciada e aprovadas as recomendações do Conselho de Ministros, iremos avançar, passando para as tarefas mais importantes: a implementação das nossas decisões, disse Mugabe, que acrescentou ser imperioso, nessa implementação, desenvolver, também, os sectores que reforçam a eficácia desta estratégia.
Neste contexto, o Presidente da SADC apontou a área de infra-estruturas, que até dispõe de um plano director, o qual, segundo frisou, deve estar conformidade com a estratégia da industrialização.
As componentes de pesquisa, promoção de conhecimento e inovação, bem como as vias de financiamento também devem merecer a atenção da região, o que passa, neste último caso, pela elaboração de mecanismos eficazes de financiamento da estratégia,
Na nossa marcha nobre rumo a uma SADC industrializada nunca nos devemos esquecer que temos as nossas mulheres e jovens, pois são a pedra angular e espinha dorsal do nosso desenvolvimento, são o nosso futuro, recomendou Mugabe, realçando a importância do empoderamento destas camadas sociais.
Aliás, no seu discurso, Mugabe arrolou uma série de situações cadentes que realçam a importância da industrialização, para que a região possa beneficiar dos abundantes e diversificados recursos naturais, porque, actualmente, pouco contribuem para o bem-estar da população.
Como exemplo, citou o sector de minas cuja contribuição para a produção mundial é de seis por cento para o carvão, sete de níquel, oito de cobre, 13 de urânio, 15 de manganésio, 18 de cobalto, 21 de zinco, 26 de ouro, 41 de cromo, 55 de diamantes e 72 por cento do grupo de metais de platina.
Mas, apesar destes ricos e diversificados recursos naturais da nossa região, cerca de 70 por cento da nossa população vive abaixo da linha da pobreza. Exportando os nossos recursos naturais em forma de matéria-prima, não estamos a ganhar benefícios, se ganhamos, são benefícios marginais. Isto compromete os nossos esforços de criar postos de emprego e de diversificar os nossos produtos e mesmo desenvolver as nossas indústrias. Em última analise, estamos a expor as nossas economias a flutuações dos mercados mundiais de recursos, explicou.
Para Mugabe, esta situação é também desencorajadora em outras áreas como a agricultura, onde os países da SADC continuam a ser fontes de produtos agrícolas não processados, ganhando apenas 10 por cento do seu valor.
Essa história triste vai para além da SADC e afecta outros países africanos irmãos. É imperioso revertermos esta tendência se quisermos manter o desenvolvimento auto-sustentável dos nossos países, advertiu, reiterando a necessidade de acrescentar o valor aos produtos da região como condição para o aumento do retorno dos benéficos destes produtos, como tabaco, cacau, café, madeira, açúcar e outros.
Outra situação que Mugabe diz ser urgente inverter é o baixo nível das transacções comerciais entre os países da região, sendo uma das condições para isso, o estabelecimento da zona de comércio livre.
A estatística mostra que as cifras de importação entre nós e a região de Ásia Pacifico situam-se em 45 por cento, enquanto com a União Europeia estão em 27 por cento. Tristemente, as importações dentro da região situam-se apenas em 10 por cento.
Isto, segundo Mugabe, sugere que as medidas que estão sendo tomadas na região para a redução e eliminação das taxas ainda não produziram o desenvolvimento sócio-económico desejado e o bem-estar dos povos.
Por conseguinte, há toda uma necessidade colectiva da nossa parte para criarmos e elaborarmos estratégias que possam reforçar a capacidade de produção, para que os nossos países passem a beneficiar das medidas que estão sendo tomadas com vista a liberalização do comércio, sugeriu.
Com a aprovação e implementação da Estratégia, segundo Mugabe, o aprofundamento da integração regional será uma realidade.
Que esta cimeira seja um passo decisivo para o alcance do ideal dos nossos fundadores e precursores, não só da SADC, mas também do nosso continente, vincou.
No seu discurso, Mugabe endereçou uma mensagem de boas vindas aos novos chefes de Estado e de governo dos países membros que participaram, pela primeira vez, numa cimeira da SADC, naquela qualidade, entre os quais o presidente moçambicano, Filipe Nyusi, bem como Edgar Lungu, da Zâmbia, Hage Geingob, da Namíbia.
DT/sg
AIM – 30.04.2015