Marcelo Mosse
Que a queda do guebuzismo foi uma coisa boa para Moçambique disso creio que poucos duvidam. Mas o que isso representa para que a politica retome os carris da decência e marche para frente no diálogo politico com a oposição e na gestão da riqueza nacional, parece ser uma incógnita. Nyusi assumiu a liderança do partido mas não ganhou aquela autonomia que se esperava. Em poucos dias, começou a trilhar os mesmos carreiros do guebuzismo e a reproduzir aquele refrão deturpado da Comissão Politica da Frelimo sobre a “divisão” do Pais. Sua deferência para DHL na esteira de uma maior predisposição para o diálogo se esfumou. Parece que Chipande passou a liderar a matriz. E Chipande sempre foi um radical na forma de lidar com a oposição.
Nos últimos meses, foi ele que disse que a Frelimo ia governar o pais por décadas. Saiu Guebuza e entrou Chipande. E Nyusi continua amarado. Mas já não eh a bicefalia que nos governa. Eh a macrocefalia de Chipande. E parece que Nyusi não tem espaço, nem coragem politica para ir a passando a Chipande novas ideias de fazer politica. Seu estado de graca se esta esvaindo e no dia a dia não se percebe o que ele anda a fazer (bom, pelo menos se ocupou do ferryboat para a Catembe; o Ministro Carlos Mesquita deve estar muito agradecido!). A promessa de um líder, revelada no discurso inaugural, esta a dar lugar a uma figura sem ideias novas e amarrada a tradicional cartilha política da Frelimo. O seu discurso contra o despesismo já esta contrariado pela pratica. Suas presidências de rua são altamente onerosas e não sei se relevantes poucos meses depois da campanha eleitoral. E o Governo acaba de ver a Assembleia da Republica a aprovar um orçamento anual de 38 milhões de USD para si própria, altamente nojento, mesmo antes de termos um Orçamento de Estado. As coisas estão cada vez mais confusas e tudo o que se respira eh a imagem de uma liderança sem o brilho que todos acalentavam. Para mim, o estado de graça do PR terminou e o 100 foram de uma tremenda ausência de impacto.