Comportamento do Metical face às principais moedas de troca mundial
- Empresários, gestores bancários, académicos e pesquisadores e Sociedade Civil discutem o assunto esta quarta-feira
O Metical, a moeda nacional, continua a observar uma verdadeira travessia do deserto face às principais moedas de troca mundial, realidade que se verifica após um largo período de estabilidade e até de ganhos no mercado cambial interbancário.
Sendo uma realidade que afecta em primeiro plano e directamente os empresários, este grupo profissional decidiu convocar pontualmente um debate público, tudo na perspectiva de entender os contornos e razões do actual comportamento do Metical, assim como as implicações e possíveis acções de redução dos efeitos negativos que poderão resultar do actual cenário de desvalorização do Metical.
Assim, uma discussão/debate empresarial público subordinado ao tema “flutuações cambiais recentes em Moçambique: determinantes, impactos e implicações de política” está marcada para o fim da tarde desta quarta-feira, na cidade de Maputo.
Em torno da derrapagem do Metical, o Banco de Moçambique (BM) já veio publicamente deixar várias explicações, tendo a mais saliente sido o entendimento segundo o qual a tensão pós eleitoral esteja por trás do fenómeno. Ou seja, entende o Banco de Moçambique, que a imprevisibilidade política, própria depois de um momento pós eleitor al, tenha obrigado os fazedores de negócios a comport amentos que influenciaram a carência do dólar no mercado nacional.
Entretanto, muitos empresários a operar no território moçambicano não concordam com esta percepção, daí que a busca de argumentos para negar esta tese possa estar no foco da abordagem a ser feita a partir do início da noite desta quarta-feira, numa das estâncias hoteleiras da capital moçambicana.
Aliás, o antigo ministro das Finanças e actual deputado da Assembleia da República (AR) pela bancada parlamentar da Frelimo, Manuel Chang, também mostrou publicamente que não concordava com a tese da tensão pós-eleitoral defendida pelo Banco de Moçambique.
O encontro desta quarta-feira terá Eduardo Neves como orador principal e os comentários estarão a cargo de Carlos Madeira, economista do Standard Bank, e Luís Magaço Jr, Presidente do Pelouro de Política Financeira da CTA.
No encontro participarão economistas de reconhecido mérito em Moçambique e pelo mundo fora e ainda membros da AMECON com conhecimento bastante aprofundado da economia de Moçambique.
Determinantes da depreciação cambial recente em Moçambique 2014-2015; canais de impacto das depreciações cambiais na economia de Moçambique; impacto no ambiente de negócios e as implicações de política face à depreciação cambial, são aspectos concretos a serem cobertos pelo debate.
O dólar chega a ser comercializável a quase 40 meticais em alguns mercados próximos do oficial em Maputo, contra os 32 no início do corrente ano. O metical t ambém est á em der r apagem perante a moeda sul-africana, o rand, e a moeda europeia, o euro, duas outras moedas estrangeiras com fortes influências no mercado das transacções monetárias em Moçambique. O rand chega a ser comprado a três meticais e alguns cêntimos nos principais mercados da capital Maputo.
Segundo o Banco de Moçambique, no mês de Março, o mercado cambial doméstico esteve sob forte pressão. Assim, no mercado cambial interbancário, o dólar dos EUA foi cotado a 34,60 MT/USD no fecho do mês, correspondente a uma depreciação mensal de 7,51%, elevando assim a depreciação acumulada e anual do metical para 9,49% e 13,70%, respectivamente. No segmento dos bancos comerciais com a sua clientela, a taxa de câmbio média no último dia do mês foi de 38,80 MT por dólar, traduzindo uma depreciação mensal do metical de 12,43%.
Nos últimos tempos, o Banco de Moçambique tem estado a apontar, dentre outros factores, que o fortalecimento do dólar no mercado internacional tem a ver com a pressão sobre a procura de divisas para importação de bens e serviços no contexto da reconstrução do país pós-cheias e a redução das receitas de exportação em face da queda generalizada no mercado internacional dos preços da grande maioria dos produtos tradicionais de exportação.(Eugénio da Câmara)
MEDIA FAX – 28.04.2015