A Unita, maior partido da oposição angolana, apresentou um balanço "provisório" de 1.080 civis mortos durante recentes incidentes, na província central do Huambo, onde forças policiais teriam disparado "indiscriminadamente" contra fiéis da seita cristã "Sétimo Dia a Luz Mundo", alegadamente em retaliação à morte de nove polícias.
A Unita, maior partido da oposição angolana, apresentou um balanço "provisório" de 1.080 civis mortos durante recentes incidentes, na província central do Huambo, onde forças policiais teriam disparado "indiscriminadamente" contra fiéis da seita cristã "Sétimo Dia a Luz Mundo", alegadamente em retaliação à morte de nove polícias.
Num relatório lido, segunda-feira (27), pelo líder da sua bancada parlamentar, Raúl Danda, o principal partido da oposição angolana (UNITA) admite haver mais corpos ainda por localizar, porque as autoridades locais "vedaram" o acesso ao local dos acontecimentos da Serra do Sumé, cerca de 25 quilómetros da sede municipal da Caála, na província do Huambo.
Segundo Raúl Danda, trata-se de uma "carnificina" perpetrada por elementos da Polícia e militares na sua resposta à morte "à paulada" de alguns colegas seus, incluindo o comandante municipal da Polícia na Caála, superintendente-chefe Evaristo Catumbela, por parte dos membros da seita liderada por José Julino Kalupeteka, atualmente sob detenção preventiva.
Ele acusou as autoridades policiais de terem apresentado versões contraditórias sobre o acontecido, quando anunciaram inicialmente não haver vítimas civis por a Polícia "não ter disparado devido à presença de mulheres e crianças", para depois falarem em 13 mortos civis.
Por outro lado, lamentou o facto de uma delegação de deputados do seu partido presente no Huambo para se inteirar da situação não ter sido autorizada a visitar o local, apesar de garantias positivas inicialmente dadas pelo governador provincial, Kundi Paihama.
O líder parlamentar da UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola) interpretou tal bloqueio como "falta de consideração e respeito" pelos deputados da sua formação política, para além de que "demonstra claramente que, naquela localidade, há algo de muito grave a esconder", porque, argumentou, "quem não deve não teme".
No seu entender, as autoridades governamentais estão empenhadas em "ocultar provas do que realmente aconteceu" e que a veracidade dos testemunhos recolhidos até agora denunciam a "falsidade dos números precipitadamente avançados pelo Governo".
Na versão oficial destes incidentes, elementos da Polícia Nacional teriam sido "surpreendidos por disparos de arma de fogo" efetuados pela guarda de José Kalupeteka, quando aqueles tentaram convencer este último a entregar-se às autoridades em virtude de um mandado de captura que sobre ele impendia por alegada incitação à desobediência à autoridade pública.
Dessa "reação violenta" dos seguidores de Kalupeteka, cuja doutrina prega a resistência à educação e ensino bem como a renúncia total à mundanidade, teria resultado a morte dos nove polícias, tendo-se as forças da ordem abstido de ripostar "para poupar a vida de fiéis inocentes".
Para além do superintendente-chefe Evaristo Catumbela, figuram entre os polícias mortos, o chefe das Operações da Polícia de Intervenção Rápida (PIR) na província, intendente Luhengue Joaquim José, bem como o instrutor da PIR, sub-inspetor Abel do Carmo.
AFRICA21 – 28.04.2015