O antigo Presidente Joaquim Chissano considera que o país foi “um sucesso” durante os 40 anos de independência, goza de reconhecimento internacional e desfruta de uma democracia dinâmica, apesar de reconhecer que ainda persiste muita pobreza.
“Sucesso é que hoje o país está entre os países do topo em reconhecimento internacional, por causa das boas coisas que se passam em Moçambique e que nós devemos enaltecer”, afirmou Chissano, em entrevista à Lusa, a propósito do 40.º aniversário da independência, que se assinala a 25 de Junho.
Todo o mundo, prossegue o antigo chefe de Estado, quer investir em Moçambique e encontra no país gente pacata, simpática e acolhedora.
“Isto tudo é fruto do trabalho que foi feito, não é assim por acaso que as pessoas têm este comportamento, de se sentir à vontade, ainda há muita pobreza em Moçambique, mas as pessoas sabem, sentem, têm esperança, porque eles próprios trabalham para sair desta pobreza”, declara Joaquim Chissano.
De acordo com o ex-estadista, os sucessivos governos da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), partido no poder desde a independência do país, deram a sua parte nos esforços contra a pobreza e o combate está a ter resultados.
“Há pessoas que têm outra maneira de olhar para as coisas, chegam num campo lavrado e só veem a parte não lavrada e dizem que ´isto está cheio de mato`, a parte lavrada não lhes interessa, quando é que começou, não lhes interessa”, observa o antigo Presidente moçambicano, referindo-se à crítica sobre os elevados níveis de pobreza no país.
A educação, assinala Joaquim Chissano, é uma das áreas que registaram um enorme progresso nos últimos 40 anos, como se pode ver pelo número de jovens que saem das universidades.
“Todos os anos, graduamos jovens, que tiram cursos superiores, licenciados, doutorados, isto tudo está a mudar o país, há de haver um tempo em que a economia, realmente, há de estar nas mãos dos moçambicanos”, acrescenta.
Sobre as expetativas em relação aos recursos naturais que o país tem estado a descobrir, nomeadamente gás e carvão, Joaquim Chissano diz que o progresso de Moçambique virá também de outras áreas económicas, principalmente da agricultura.
“Olha para a agricultura de Moçambique onde é que está a ir, olha para os artesãos, que andam por aí, carpinteiros, pedreiros, quem constrói essas cidades, olha para os movimentos que existem mesmo nos ‘chapa 100’ [transporte privado de passageiros] que estão a andar aí, toda essa movimentação é economia, olha para o turismo, olha para os hotéis, olha para os parques, olha para tudo isso, não olha só para o gás ou o carvão, olha para tudo isso”, diz o antigo chefe de Estado moçambicano.
Para Joaquim Chissano, o país conheceu uma evolução notável no fornecimento de serviços essenciais básicos, como energia, água, estradas, hospitais e escolas e tem registado níveis de crescimento que vão gerar desenvolvimento económico e social.
Sobre a preocupação em relação aos níveis de corrupção, Chissano defende que as autoridades moçambicanas reconhecem o problema e têm-se empenhado no seu combate.
Para o antigo Presidente moçambicano, a hegemonia da Frelimo no contexto político nacional não está em perigo, apesar de ter baixado o seu domínio na Assembleia da República nas eleições gerais do ano passado.
“Dentro do processo de governação, há momentos que fazem variar os sentimentos da população, as expetativas da população, o mandato anterior fez muita coisa, mas há certas coisas que não foram feitas ou que foram percebidas de maneira diferente por diferentes camadas sociais”, observa Joaquim Chissano.
Lusa – 20.06.2015