Correspondênci@ Electrónic@
Por: Noé Nhantumbo – Beira
Tardou mas agora que se anuncia que o governo e a Renamo chegaram a consenso em sede de negociações sobre a “despartidarização do aparelho do estado” todos os moçambicanos agradecem e regozijam-se.
É um acontecimento de grande vulto e uma ocasião para lembrar a todos que o entendimento é possível entre compatriotas.
Aquilo que se dizia impossível tornou-se possível porque houve razoabilidade e sentido patriótico.
Logo que a postura de arrogância foi abandonada tudo ficou mais fácil.
O caminho a percorrer ainda é longo pois falta o dossier das questões militares e das questões económicas por resolver.
Enquanto escribas e apologistas da manutenção do poder e de regras que lesam a pátria se escondem e não dão relevo ao consenso alcançado é preciso que os amantes da paz celebrem o acordo que vai ser assinado e o mediatizem.
O povo moçambicano precisa conhecer que houve um entendimento mesmo que parcial.
Aquele Moçambique que foi sonhado pelos combatentes independentistas dava lugar a participação de todos sem descriminação e neste Junho de 2015 mostra-se deveras importante que esse passo seja dado com firmeza.
Por Moçambique e pelos moçambicanos vamos todos trabalhar para a erradicação de células de partidos políticos no aparelho do estado. Vamos assumir com patriotismo que os constrangimentos conhecidos devem ser removidos com responsabilidade e de modo verificável.
Não se constrói um país mentido uns para os outros.
Num hospital público não se trata melhor um doente se houver células de partidos. A ciência e tecnologia que se transmites nas escolas nem têm cor partidária.
Cabe aos interlocutores assumirem a gravidade do momento e travar tendências belicistas como aquela que se verificou recentemente em Tete.
Moçambique não quer mais guerras e nesse sentido os moçambicanos não querem mais justificações que coloquem irmãos contra irmãos para benefício exclusivo de um grupo restrito de cidadãos.
É momento de assumirmos todos que cada um de nós pode e deve fazer alguma coisa pela paz em Moçambique.
Não estamos todos no CCJC mas cada um de nós pode exercer pressão directa e indirecta sobre os assuntos em discussão. Naquele fórum.
Precisa-se de transparência nos assuntos governamentais e na mesa de negociação.
O consenso alcançado quando a despartidarização é muito importante se tivermos em conta que num passado muito recente havia quem negava que isso fosse necessário.
Agora o mais importante é aproveitar a onda da concórdia e acelerar o alcance do consenso sobre as restantes matérias em discussão. Seria uma prenda de grande valor se os negociadores pudessem concluir ainda neste mês de Junho, mês da independência nacional todo o pacote de questões agendadas de maneira consensual. Seria a melhor prenda para os quarenta anos de Independência de Moçambique.
Isso é não só possível como a única coisa que os moçambicanos querem.
Ninguém ganhará e ninguém perderá se houver a coragem de discutir, resolver as diferenças e no fim alcançar-se um consenso funcional.
Como moçambicanos encorajamos os negociadores a acelerarem o passo pois o país não deseja nada mais do que a PAZ.
O AUTARCA – 23.06.2015