Caso EmatumGate
- A publicação Africamonitor soube que depois de se ter baralhado na AR, o governo foi obrigado a redigir um documento de esclarecimento para os financiadores
A enrascada EMATUM em que o governo moçambicano, ainda no reinado de Armando Guebuza se meteu, continua a constituir uma das maiores e principais dores de cabeça para o actual governo, agora tendo como timoneiro, Filipe Jacinto Nyusi.
É que sempre que o governo procura encontrar espaço para branquear a imagem do negócio, mais achas lança à fogueira porque, em termos reais, não consegue explicar as razões mais profundas subjacentes no negócio que obrigou o país a contrair uma dívida, no mercado financeiro internacional, na ordem de 850 milhões de dólares americanos.
Nisto, depois de na Assembleia da República ter dito coisas consideradas “subterfúgios e trafulhice” de quem não quer dizer as verdades do caso Ematum, os poucos dados lançados preocuparam os doadores que, na verdade, estão a espera que as autoridades moçambicanas honrem os compromissos que assumiram.
Depois de ouvirem, por exemplo, o ministro da Economia e Finanças, Adriano Maleiane, a dizer que as autoridades moçambicanas estavam a tentar renegociar o escalonamento da amortização da dívida, assim como as respectivas taxas de juro pelo facto de as negociadas serem “muito altas”, os doadores exigiram que o governo se explicasse melhor.
Foi assim que, de acordo com a publicação Africamonitor, o governo teve que fazer um esclarecimento formal às instituições que emprestaram dinheiro para a compra dos atuneiros e patrulheiros. Só que no suposto esclarecimento, o governo dá uma imagem de que, na verdade, está em condições de pagar a dívida nos prazos acordados, contrariando, desta forma, a informação que facultou aos deputados na discussão da Conta Geral do Estado referente a 2013. O relatório do Tribunal Administrativo, segundo se sabe, foi aprovado pela bancada parlamentar da Frelimo. Diz o governo, no referido esclarecimento, segundo escreve o Africamonitor, que a “reestruturação” aludida referia-se à inscrição dos montantes na contabilidade pública, não a incapacidade de iniciar a remuneração dos títulos”.
Ainda de acordo com a Africamonitor, a carta do governo para os financiadores refere ainda que os 500 milhões USD relacionados com segurança marítima serão assumidos pelo Estado. Os 350 milhões de USD restantes, usados na compra de barcos de pesca, são da responsabilidade da própria EMATUM.
MEDIA FAX – 29.06.2015