A agitação psicomotora ou desmaios que durante largo período incidiam sobre as alunas da Escola Secundária da Manhiça, já fazem parte de um passado recente, depois de ter sido construída uma palhota ‘ndomba’ e feitas cerimónias tradicionais no espaço do estabelecimento do ensino, conforme ‘exigência’ que vinha sendo feito pelos ‘espíritos’ de um velho curandeiro que teve como última residência o terreno onde foi construído o estabelecimento do ensino.
“Fizeram a palhota e cerimónias, com a vinda de alguns curandeiros, e desde então nunca mais tivemos essas coisas (desmaios e agitação psicomotora), as aulas decorrem normalmente”, confirma Nhantumbo, guarda da Escola Secundária da Manhiça.
Nhantumbo diz que não conhece a palhota, nem pretende conhecer, por temer “ser atacado pelos maus espíritos”, segundo ele.
Diz que a sua área de actuação está bem definida, evitando frequentar os lados onde se encontra erguida a referida palhota. “Aquela é outra casa que não devo frequentar”, sublinha.
Recorda os tempos em que as alunas desmaiavam e diz ter sido com muita pena que assistia à série de desmaios, sem nada a fazer de modo a ajudar as miúdas atacadas pela crise.
Nhantumbo acredita que a construção da palhota contribuiu sobremaneira para a eliminação de todo o mal-estar prevalecente na Escola.
As autoridades governamentais nunca acreditaram na versão dos residentes da Manhiça e dos pais e encarregados de educação dos alunos, que apelavam uma intervenção mais realística, de modo a acabar com o sofrimento da criançada.
Nhatumbo diz, porém, que nem todas as alunas que caíam no recinto escolar se devia, pura e simplesmente, à prevalência dos maus espíritos na Escola Secundária da Manhiça. “Algumas delas têm os seus problemas nas suas casas e famílias, acabando por transportar para aqui essas crises que, rapidamente, devido à influência das demais, nomeadamente ao clima que aqui se vivia, também apanharam a boleia da crise”.
Duas alunas confirmam ter chegado ao fim a crise dos desmaios: “estamos safas dessas coisas. o governo nunca acreditou na prevalência de maus espíritos, mas finalmente acabou sendo confirmado que se tratava, efectivamente, desses males que íamos apanhando em quase todas as turmas diurnas”.
É a retoma da normalidade.
EXPRESSO – 30.06.2015