Sobre estes comentários de Sérgio Vieira eu comento:
Em que parte do território sul-africano poderiam ter havido testes nucleares de que se não tivesse conhecimento? E em que data isso aconteceu? O argumento de SV de que o acordo Nkomati foi para impedir um ataque nuclear da RSA é "ignorância deliberada".
Estavam é com a corda ao pescoço (Renamo e crise económica) e acreditaram nos políticos boers (Pik Botha) e nos americanos (Chester Crocker) que lhes prometeram acabar com a Renamo caso assinassem o acordo. Crocker propôs que metade dos guerrilheiros da Renamo fosse trabalhar para as minas e plantações sul-africanas, a outra metade em projectos financiados pela USAID em Moçambique. Os militares sul-africanos não foram nessa pois defendiam a tese que uma vez debelado o problema Renamo, não havia garantias de que a Frelimo não voltasse a apoiar o ANC.
Mas na prática nem a Frelimo nem a RSA cumpriu o acordo de Nkomati (Jacinto Veloso pelo menos gaba-se disso no seu livro de memórias). Mas não creio que os apoios sul-africanos prosseguiram à mesma escala depois de Nkomati. A situação interna em Moçambique havia atingido um estado tal que não eram precisos apoios externos em larga escala.
Sobre o metical e o 'secretismo' da operação, um funcionário do Banco de Moçambique, de nome Fornasini, fugiu antes dessa operação e divulgou exemplares do primeiro metical impresso pela De La Rue que acabou por não ser posto em circulação pelo facto de uma das faces da moeda exibir um antílope, na outra face a efígie de Samora Machel. Quando vista à contra-luz, os cornos do antílope apareciam sobre a cabeça de Machel. Mandaram destruir essas notas e depois é que surge o novo metical.
Quanto ao mecânico que se salvou do desastre veja-se a foto dele com Joaquim Chissano em Maputo, e bem vivo! Qual coma? Vejam mais em http://blog.macua.us/moambique_para_todos/2012/11/uma-fotografia-com-hist%C3%B3ria.html#more
E mais haveria para dizer... Lastimo apenas que os jornalistas moçambicanos, com raras excepções, não conheçam a real história de Moçambique e dos seus "protagonistas". Quase tudo já está escrito e divulgado...