Bang bang está de volta
- Renamo fala de “algumas mortes” mas o governo reconhece a morte de apenas uma agente da Polícia da República de Moçambique
Depois de um período de relactiva acalmia em termos de ausência de confrontação e perturbação militar entre as Forças de Defesa e Segurança (FDS) e os homens armados da Renamo, o cenário de demonstração de força no campo das operações parece estar de volta.
Em torno da confrontação, a Renamo fala de várias mortes, mas as Forças de Defesa e Segurança (FDS) confirmam apenas a morte de um guarda da Polícia da República de Moçambique.
Tal como aconteceu durante os dois anos antes da realização, em Maputo, da assinatura do Acordo de Cessação das Hostilidades Militares entre o antigo Presidente da República, Armando Guebuza, e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, as fontes oficiais dos dois lados preferem, em relação ao cenário actual, manter um discurso de acusações mútuas.
A Renamo fala de ataque das FDS às posições e a campamentos das “forças residuais” deste partido nas províncias de Tete e Inhambane.
Entretanto, o governo, através da Polícia da República de Moçambique (PRM), fala de uma emboscada de homens armados não identificados contra uma viatura da Polícia da República de Moçambique.
Apesar desta contradição de números e das reais circunstâncias dos acontecimentos, a verdade é que o cenário de confrontação militar está efectivamente de volta, realidade que coloca as populações bastante apreensivas tendo em conta o nível de instabilidade criada no âmbito da última tensão político/ militar, opondo o governo e a Renamo.
É um cenário que, na verdade, contrasta com o avanço registado na última sessão do diálogo político, em que as partes conseguiram alcançar consenso quanto aos princípios gerais de despartidarização da Função Pública.
Aliás, esta sexta-feira, as partes voltam a encontrar-se no Centro Internacional de Conferências Joaquim Chissano para a assinatura da chamada declaração de princípios para a despartdarização da Função Pública, abrindo assim, espaço para as partes passarem à discussão do último ponto do diálogo, no caso, as chamadas questões económicas.
Apesar dos acordos do Centro Internacional de Conferências é, entretanto, visível e perceptível um ambiente de subida de tensão, pelo menos ao nível dos discursos públicos do Presidente da República, Filipe Nyusi e do líder da Renamo, Afonso Dhlakama.
Emboscada à viatura da Polícia
Falando na manhã desta terça-feira em mais uma sessão de briefing semanal, o porta-voz do Comando-Geral da Polícia da República de Moçambique, Pedro Cossa, acusou homens armados não claramente identificados , de ter em emboscado uma viatura que transportava uma missão da Polícia. A emboscada, segundo Cossa, teve lugar na aldeia de Chibabel, distrito de Tsangano, província de Tete.
“Por volta das 13h30 do dia 14, homens armados ainda não identificados dispararam contra a Polícia, que circulava na estrada, de forma surpreendente. Houve dois feridos. Um com gravidade, que acabou perdendo a vida a caminho do hospital” – disse Cossa, que evitou acusar directamente a Renamo de estar por detrás do ataque.
Disse simplesmente que o ataque tinha sido protagonizado por homens amados não identificados. Depois da emboscada, os atacantes puseram-se em fuga pelas matas daquela localidade.
“A viatura estava a circular e levava abastecimento para uma unidade da FIR. Foram deixar comida e água e na sua volta foram atacados em pleno movimento. Estava na viatura um sargento da Polícia de Protecção, um sub-inspector da FIR, um cabo da Polícia de protecção e uma agente da Polícia de protecção. A agente é que perdeu a vida já a caminho do hospital”- explicou Cossa.
Fomos atacados
Enquanto isso, o porta-voz do partido liderado por Afonso Dhlakama deu a conhecer, na manhã de ontem, em Maputo, que as forças governamentais atacaram os quartéis da Renamo localizados em Tete e Inhambane.
Falando em conferência de impressa, convocada para falar da situação política e militar do país, António Muchanga disse que as forças governamentais atacaram, no passado domingo, o quartel de Mucumbeze, em Tete, e o de Funhalouro, na província de Inhambane, na pretérita quinta-feira. Dos confrontos registados, segundo avançou o porta-voz da “perdiz”, em Mucumbeze houve mortos e feridos em número não indicado.
Já em Funhalouro, o cenário de confrontação não se verificou, alegadamente porque os guerrilheiros da Renamo não retaliaram a “provocação” das Forças de Defesa e Segurança.
Armas escondidas
Já no distrito de Cheringoma, província de Sofala, a Polícia da República de Moçambique diz ter achado e desactivado um esconderijo de armas de guerra. No total, indica a Polícia, foi cerca de meia centena de armas de fogo achadas numa mata, algures naquele distrito.
Trata-se de 57 armas de fogo de tipo AK47 que estavam escondidas. Ninguém sabe como o referido material bélico terá ido parar no local, muito menos para que fim era usado.
“Iniciamos uma investigação com vista a apurar como é que aquelas armas teriam ido parar naquela mata e saber também quem são os proprietários”, explicou Pedro Cossa, porta-voz da Policia da República de Moçambique.
As armas, tal como disse Cossa, foram encontradas disfarçadas no meio da mata, por um grupo de camponeses. “Foram estas pessoas que alertaram as autoridades policiais locais sobre a existência das armas” – disse Cossa, acusando indirectamente a Renamo de estar por detrás daquele esconderijo de armas.(I. Bata e E. Conzo)
MEDIAFAX – 17.06.2015
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