1. Desde as primeiras eleições multipartidárias de 1994, tem-se registado uma diminuição da participação dos eleitores, com o nível de abstenção nos últimos três processos eleitorais a situar-se à volta dos 60%. Este número sobe para cerca de 70%, se considerarmos não apenas os eleitores oficialmente recenseados, mas a totalidade dos potenciais eleitores, isto é, o conjunto dos cidadãos nacionais com idade igual ou superior a 18 anos. Esta desafeição sistemática da maioria dos potenciais eleitores é reveladora da fraqueza da Construção de um Estado democrático em Moçambique e fragiliza fortemente a legitimidade dos governos saídos de tais eleições. Mais ainda, ela contribui para a criação de um ambiente favorável à expressão de reivindicações políticas fora do quadro democrático definido pela Constituição, que culminaram, em 2013 e 2014, com uma situação de confrontação armada entre as forças de Defesa e segurança do governo e militares da Renamo, o principal partido da oposição. Neste contexto, compreender os factores da abstenção é evidentemente uma questão cujo interesse não é meramente académico.
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