Confrontos militares no interior de Tete
Dhlakama confirma que deu ordens para os seus homens responderem com violência
Longe dos holofotes e da conversa de estabilidade política e diálogo ou negociações, estão a ocorrer confrontos militares no interior da província de Tete, mais concretamente nas matas do distrito de Tsangano, onde se situa uma importante base da Renamo, numa localidade denominada Chiabaene. Só na última semana, morreram mais de duas dezenas de militares das Forças Armadas naquelas matas, em mais uma incursão de tentativa de desactivação daquela base pela força.
Uma fonte superior das Forças Armadas em Tete garantiu ao Canalmoz que mais de 25 militares das Forças Armadas de Moçambique e agentes da Unidade de Intervenção Rápida que saíram integrados em batalhões, não regressaram aos quartéis.
A fonte contou que na sexta-feira e sábado os confrontos atingiram o píncaro. “Não posso dizer ao certo quantas baixas tivemos, porque alguns morreram, de facto, mas outros fugiram e deixaram armamento e fardamento nas matas e foram para casa, porque a situação é difícil, principalmente na linha de Chiabaene”.
Segundo o que o Canalmoz apurou, as tropas da Renamo são muito respeitadas pela população, até porque convivem juntos há mais de 20 anos sem qualquer problema. Alguns guerrilheiros da Renamo desenvolvem agricultura, vivendo com a população.
Qualquer movimentação das tropas governamentais naquela zona é logo informada à base da Renamo, que trata de montar emboscadas.
“Há periquitos da Frelimo na zona” é o código que é usado pela população para denunciar as tropas do Governo que são consideradas como tropas do partido Frelimo, e estão contra a população. A cooperação que existe entre a população e as tropas da Renamo é descrita pela nossa fonte como “incrível”.
Na sexta-feira e sábado, os ataques atingiram um nível assustador.
Vários militares das tropas governamentais são dados como mortos.
A fonte das tropas governamentais que temos vindo a citar falou de corpos de militares do Governo que estão a apodrecer nas matas de Tsangano, após várias emboscadas.
Devido aos confrontos militares, a população está a fugir de Tsangano para o Malawi. A imprensa malawiana diz que há regresso da guerra em Moçambique e “centenas de refugiados”.
Na semana passada, o presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, confirmou ter ordenado aos seus comandos aquartelados nas suas bases de Mucombeze, na província de Tete, para responderem com violência a quaisquer ataques armados realizados pelas forças governamentais.
Segundo Dhlakama, esta medida surge como resposta às constantes provocações das forças governamentais contra as bases da Renamo instaladas em todo o país, principalmente nas províncias de Sofala e Tete, no centro do país, Inhambane e Gaza no Sul do país.
Dhlakama diz que já ocorreram muitos ataques após a assinatura do Acordo de Cessação das Hostilidades Militares. Acusa o Governo de ordenar aos seus homens para atacarem as posições das forças da Renamo.
“Depois de termos assinado os arcordos de cessação das hostilidades militares no ano passado, as Forças de Defesa e Segurança nacional ainda efectuam ataques às bases da Renamo sem que os meus homens as tenham provocado, mas agora já chega. Eu disse para responder a qualquer ataque da FADM”, afirmou.
No passado sábado, 30 comandos das Forças de Defesa e Segurança chegaram a Tsangano para reforçar os que já lá estão. As baixas do lado governamental são numerosas, e até nas ruas se fala de jovens de Tete cujos corpos estão a apodrecer nas matas.
CANALMOZ – 20.07.2015
NOTA: Parece-me que Nyusi sempre vai ter que se ajoelhar...
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE