OS membros da Renamo que há dias remeteram uma carta à nossa Redacção assinada por 21 pessoas, na qual exigem o afastamento imediato do seu delegado político provincial, Tomé Fernando, continuam firmes na sua contestação, apresentando agora novas exigências.
Em contacto com o “Notícias” em Pemba, dois porta-vozes disseram esta semana que o grupo também não reconhece o novo chefe provincial de Mobilização, identificado apenas por Paulo, nomeado pelo delegado contestado, Tomé Fernando.
Segundo Nacimo Matico e Selemane Bacar, porta-vozes dos contestatários, o grupo não reconhece o novo chefe provincial de Mobilização “porque foi nomeado por Tomé Fernando, sem seguir as regras internas do partido.
“Tomé Fernando é um delegado interino, e como tal não pode fazer nomeações. Porém, estranhamente, ele indicou o Sr. Paulo para ocupar o cargo de chefe de Mobilização na província. O mais grave ainda é que ele não apresenta este homem aos membros do partido. Foi o próprio Sr. Paulo que apareceu aqui a dizer que é o novo chefe de Mobilização”, denunciou Matico.
O político denunciou ainda que Tomé Fernando dirige o partido em Cabo Delgado a partir da cidade de Montepuez, onde reside e aparece em Pemba, onde se localiza a sede provincial, de vez em quando. “Onde é que já se viu isso? Nós como membros da Renamo não podemos permitir esta desordem. Por isso não queremos que ele continue delegado e não reconhecemos o novo chefe de Mobilização que ele nos impôs”, referiu Matico.
Por seu turno, Selemane Bacar, outro membro da Renamo contestatário à liderança de Tomé Fernando, fez saber que há dias o Sr. Paulo tentou, sem sucesso, dirigir uma reunião na sede da Renamo em Pemba, mas os militantes do partido não o deixaram concretizar o seu desejo.
“Nós dissemos-lhe que sabemos que você é membro da Renamo mas não o reconhecemos como chefe provincial de Mobilização. Dito isto ele retirou-se imediatamente do local projectado para a referida reunião. Penso que viu que não havia ambiente para dialogar com quem quer que fosse e por isso foi-se embora” – contou Bacar.
Os dois porta-vozes do grupo contestatário disseram que o novo chefe provincial de Mobilização foi indicado para “fechar” o lugar deixado vago pelo antigo responsável, agora incapacitado de manter o cargo, após um acidente de viação.
“Isso é verdade e para além de o Sr. Tomé Fernando não ter seguido as normas internas do partido relativas à indicação de responsáveis, achamos que também não devia afastar o antigo chefe apenas porque perdeu uma perna. Ele pode trabalhar muito bem nas condições em que está. É por causa destes desmandos que nós exigimos que ele se retire da chefia da delegação provincial imediatamente”, insistiu Matico.
Tomé Fernando já reagiu a estas acusações dizendo que os seus autores “são marginais que pretendem a todo custo manchar a imagem do partido Renamo”.
Disse que se trata de elementos expulsos do partido há anos e que o caso está já no Tribunal. “São pessoas mal-intencionadas e bem conhecidas pelas suas posições dentro do partido”, concluiu.
Jonas Wazir
NOTÍCIAS – 09.07.2015