A Frelimo, partido no poder em Moçambique, classificou como "tristes e lamentáveis" as declarações do líder da Renamo, Afonso Dhlakama, de que a maior força política de oposição nunca foi contra a independência do país.
"É triste e lamentável que depois de tantas atrocidades e destruição das conquistas da independência, a Renamo [Resistência Nacional Moçambicana] e o seu líder apareçam agora em público a dizer que este partido nunca esteve contra a independência", disse o porta-voz da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), Damião José, citado hoje no diário Notícias.
Na segunda-feira, durante uma reunião de quadros do seu partido na Beira, província de Sofala, centro de Moçambique, Afonso Dhlakama disse à imprensa que o seu partido nunca foi contra a independência e que estava satisfeito com as celebrações dos 40 anos, que se assinalaram no dia 25 de junho.
"Ninguém nega que a Frelimo tenha combatido pela Independência. Nós nunca fomos inimigos da independência. Os 40 anos da independência foram comemorados de uma maneira que fiquei satisfeito, porque pude assistir aos históricos da Frelimo a quererem dizer a verdade." afirmou Dhlakama, que não participou nas cerimónias centrais das celebrações em Maputo.
Após a independência em 1975, a Frelimo e a Renamo envolveram-se numa guerra civil que durou 16 anos, tendo causado a morte de cerca de um milhão de pessoas e a destruição de numerosas infraestruturas, até à assinatura do Acordo Geral de Paz em outubro de 1992, pelo ex-Presidente moçambicano Joaquim Chissano e Afonso Dhlakama.
Para o porta-voz da Frelimo, foi a Renamo que causou a guerra e, por isso, o partido de Afonso Dhlakama deve um pedido de desculpas ao povo moçambicano.
"A cronologia dos factos ensina-nos que a Renamo nunca, em nenhum momento, esteve contra o sistema colonial português, mas sim contra a Frelimo, por ter libertado a terra e os povos, proclamando a independência total e completa de Moçambique", defendeu Damião José, salientando que o partido de Afonso Dhlakama " continua igual a si próprio, como um instrumento criado para desestabilizar o país e colocar em causa as conquistas coletivas dos moçambicanos".
Moçambique vive atualmente um clima de tensão política e militar, após um conflito na região centro do país que durou 17 meses até à assinatura do Acordo de Cessação de Hostilidades, a 05 de setembro de 2014 entre a Renamo e o Governo, pouco antes das eleições gerais de 15 de outubro último e cujos resultados o maior partido de oposição não reconhece.
EYAC (AYAC) // JMR
Lusa – 01.07.2015