As autoridades moçambicanas realizaram ontem, na pista de automobilismo da Costa do Sol, a incineração de 2434 kg de marfim (2198 kg em bruto e 615 kg trabalhados) e de 86 peças de corno de rinoceronte (193 kg), carapaças de tartarugas, crânios e chifres de búfalos, utensílios feitos com carapaças de tartarugas, num acto que foi presenciado por diversos representantes do Governo, da Justiça, do Corpo Diplomático, de organizações nacionais e internacionais de protecção do ambiente e da imprensa.
São peças provenientes da caça furtiva nas províncias de Niassa, Cabo Delgado e Tete, no Parque Nacional do Limpopo e no Kruger Park. O acto deverá durar no máximo dois dias. No local, foi montado um dispositivo de segurança, que inclui câmaras de videovigilância, para evitar qualquer extravio das peças ou uma eventual retirada do fogo durante as 48 horas que se prevê que dure a incineração.
O ministro da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural, Celso Correia, que dirigiu o acto, disse que este surge na sequência de um processo iniciado pelo Governo, que seguiu os procedimentos de oficialização pela PGR, certificação e qualificação das peças.
“Claro que não se trata de uma vitória, porque os animais são importantes com vida. Mas é um sinal que damos à sociedade e ao mundo sobre o grau de tolerância que damos à caça furtiva”, disse o ministro Celso Correia, que apontou a necessidade de transmitir capacidade à população para se envolver no combate ao crime de caça furtiva.
Em declarações ao “Canalmoz”, o encarregado de Negócios da Embaixada dos Estados Unidos da América em Maputo, Mark Cassayre, disse que a incineração dos troféus foi um bom passo. “Aplaudimos o Governo moçambicano por este passo, que demonstra o compromisso de lutar contra a caça furtiva”, disse o diplomata.
Contudo destacou que o mais importante não é apenas lutar contra a caça furtiva, mas que também é preciso defender os residentes nas zonas onde existem os animais selvagens, e que, através da fauna bravia, deveriam beneficiar de várias oportunidades.
Mark Cassayre destacou que no mercado não há um valor legal para o marfim e cornos de rinocerontes apanhados ilegalmente. Afirmou que “infelizmente são as redes criminosas que exploram” a população, e que esta é uma luta a favor da população e contra as redes criminosas.
Afonso Antunes diz que não basta queimar os troféus
Também em declarações ao “Canalmoz”, o procurador Afonso Antunes, assessor da procuradora-geral da República, disse que o acto é uma mensagem para os traficantes em relação à destruição da fauna do país, a qual constitui um elemento muito importante da cultura de todo o povo. Antunes diz que são necessárias medidas preventivas e arrojadas para a prevenção das espécies. “Mas não basta só queimar os troféus e os despojos. A verdade é que os animais já morreram e ficámos mais pobres em termos de património”, afirmou Afonso Antunes, que considera que os traficantes têm vindo a aproveitar-se da pobreza da população.
“Os traficantes estão resguardados, e os que são apanhados são os pobres que abatem os animais”, concluiu. Calcula-se que 48% dos elefantes de Moçambique foram abatidos nos últimos cinco anos. Das peças incineradas, 70% são provenientes da Reserva do Niassa. (Bernardo Álvaro)
CANALMOZ – 07.07.2015
NOTA: Para só falar de pontas de elefante, faltam aqui, segundo noticiaram os jornais, e não no total das apreensões, algumas dezenas de pontas de marfim. Vejamos:
- Nacala 162 em 2013
-Nampula 26 em 2014
-Niassa 12 em 2014(que não incluo, pois estarão na contagem abaixo)
-Maputo 170 em 2015
num total de 358 pontas.
Mas como das 618 pontas incineradas 70% provinham do Niassa, isto é, 432, temos que 618-432=186 (que sobram de outras origens)
Acima, de outras origens, contabilizo 358 pontas. Assim, 358-186=172 (que são as pontas de elefante que, para já e neste simples apanhado, estarão em falta.
Ou estarei enganado? Ou a quem querem enganar?
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE