A chefe da bancada parlamentar da Renamo, Ivone Soares, denunciou, ontem, na Assembleia da República um alegado plano do Governo da Frelimo para desmilitarizar as forças da Renamo por via da violência armada, passando por cima do Acordo de Cessação das Hostilidades Militares, assinado no ano passado entre o Presidente da República nesse período, Armando Guebuza, e o presidente da Renamo, Afonso Dhlakama. O acordo estabelece mecanismos próprios de desmilitarização e reinserção das forças residuais da Renamo.
“Estamos a acompanhar em Tete ataques constantes que são promovidos pelas Forças Armadas de Defesa de Moçambique contra cidadãos indefesos, cidadãos que aguardam a sua reintegração nas Forças Armadas e na Polícia”, afirmou Ivone Soares na sessão de encerramento da primeira sessão ordinária da presente legislatura.
Ivone Soares lamentou o facto de o Governo não estar a tratar os assuntos como se prevê no Acordo de Cessação de Hostilidades, pois está a mandar “militares perseguir os seus compatriotas, com vista à sua captura e possivelmente assassinato”.
“A decisão da Comissão Política da Frelimo de se proceder ao desarmamento incondicional da Renamo faz-nos rir, Excelências”, afirmou Ivone Soares. “Quem é esse que vai ter força para desarmar a Renamo sem diálogo? Quem é esse? Vamos ser sérios, senhores! Não brinquemos aos soldadinhos. Vamos ser sérios!”, disse Ivone Soares.
Segundo Ivone Soares, a Renamo e “os seus homens fortes, que a Frelimo chama homens armados, vão continuar com as suas armas em punho, firmes”, pois as armas “são para defender os interesses do povo.”
“Se querem arrancar as nossas armas, cumpram o Acordo geral de Paz, cumpram o Acordo de Cessação de Hostilidades, dialoguem connosco, e desarmem-se também”, afirmou Ivone Soares.
Segundo a deputada, o que a Renamo quer “é que o Exército seja estatal, que a Polícia seja estatal, e que não esteja a servir a um grupinho de pessoas que há quarenta anos nada fazem, nada fizeram, apenas enganam as populações”.
A Renamo vai continuar a lutar
Ivone Soares disse que a sua formação política vai continuar a lutar pelos seus propósitos: “Não iremos recuar, porque sabemos claramente o que é que o povo espera. O povo espera que o seu voto tenha valor nesta República de Moçambique e espera que a Frelimo saia pelos seus próprios pés, se é que não quer ser empurrada, como aconteceu noutros cantos do mundo”.
Segundo a deputada, a Renamo tem o propósito de “garantir que os moçambicanos possam ser bem servidos, porque o merecem, porque se trata dum povo que já consentiu imensos sacrifícios. A Resistência Nacional Moçambicana não irá parar com o trabalho de defender os interesses do povo até à vitória final.”
Firme nas autarquias províncias
Sobre o projecto das autarquias provinciais, recentemente rejeitado pela bancada da Frelimo, Ivone Soares garantiu que a bancada que dirige “mantém-se firme no seu propósito de fazer aprovar” aquele projecto.
“O projecto das autarquias provinciais não está morto, o projecto das autarquias provinciais está bem vivo”, reafirmou Ivone Soares.
E fez uma promessa: “Não descansaremos enquanto não tivermos a vitória nas mãos. Pelas autarquias provinciais, persistiremos, insistiremos, não desistiremos até à vitória final.” (André Mulungo)
CANALMOZ – 31.07.2015