O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, reiterou domingo, em Paris, que o seu governo tem consciência da importância económica e geoestratégica das águas territoriais que banham a costa moçambicana, cuja extensão é superior a 2.500 quilómetros, por isso, decidiu criar um ministério do mar, águas interiores e pescas, logo após a sua investidura, como Presidente da República, em Janeiro último.
Falando durante um encontro mantido com a comunidade moçambicana residente em França, onde se encontra desde Domingo para uma visita oficial de três dias, Nyusi disse que tudo está sendo feito para garantir a segurança da navegabilidade dos navios que sulcam o Canal de Moçambique, assim como para acabar com a pesca ilegal e com a acção dos piratas que já chegaram a ensaiar lançar os seus ataques contra os navios como o faziam já na costa da Somália.
Estamos mais do que determinados a garantir que o nosso Canal de Moçambique seja uma rota segura. Por isso mesmo, quando estava a formar o meu governo, decidi criar um ministério específico para zelar pelas nossas águas marítimas territoriais. Antes estávamos negligenciando a sua defesa. Nalguns momentos, tivemos casos de pesca ilegal e até a presença de alguns piratas. Tal não podia continuar a acontecer, porque nestas nossas águas territoriais, esta é uma das nossas maiores riquezas, e, por isso mesmo, temos que fazer tudo para garantirmos a sua defesa, disse Nyusi quando questionado por um participante sobre as medidas adoptadas pelo para garantir a protecção das águas territoriais do país.
A costa moçambicana detém vários tipos de pescado, incluindo camarão e atum. Nos últimos anos também foram descobertas enormes reservas de gás natural. Os peritos em hidrocarbonetos também acreditam cada vez mais na possibilidade da ocorrência de petróleo, pois existem muitos indícios nesse sentido.
O seu antecessor, Armando Guebuza, aparentemente tinha a mesma percepção e preocupação, razão pela qual decidiu adquirir nos últimos dois anos do seu segundo e ultimo mandato uma grande frota de barcos de patrulha para garantir a segurança da costa moçambicana.
Sobre a razão da sua visita a França, Nyusi revelou que pretende convidar este país a incrementar a sua cooperação com Moçambique, tendo destacado que nos últimos anos, a nação francesa tem estado a ser um dos principais parceiros económicos.
Revelou que a França é o 10º maior investidor em Moçambique, e isso mostra que Paris está a dar passos largos no intercâmbio com Maputo.
O estadista moçambicano explicou com algum detalhe que pretende uma cooperação que traga de facto resultados concretos e não se limite apenas a declarações de interesse.
A cooperação que pretendo estabelecer é uma que traga resultados e não uma que seja apenas de palavras. É por ter essa certeza que a cooperação com este país irá produzir resultados concretos que cá estou, depois de termos estado em Portugal. Aqui também temos uma cooperação concreta e este país é o 4º maior parceiro de Moçambique. Ainda nesta visita que acabo de realizar, conseguimos resultados concretos, disse Nyusi.
NYUSI DIZ QUE MOÇAMBIQUE DEVE COOPERAR COM TODOS OS PAÍSES
Em resposta a um outro moçambicano que o perguntou sobre o modelo económico que tencionava seguir para imprimir uma maior celeridade ao desenvolvimento de Moçambique, Nyusi disse que prefere cooperar com todos os países naquelas áreas em que cada um domina um ou mais determinados ramos de especialidade.
Se, por exemplo, a França é bom na pesca, nós iremos cooperar com este país nessa área. Se a China é melhor na agricultura, cooperaremos com este país neste domínio e assim cooperaremos com todos os países naquelas áreas em que notarmos que têm um bom domínio. O que nós queremos é que haja resultados concretos, mas não só porque é um país amigo. Queremos uma governação que traga resultados que concorram para a conquista do bem-estar-comum dos nossos compatriotas, vincou.
GM/sg
AIM – 20.07.2015