A alta taxa de crescimento populacional e a fraca fiscalização das autoridades governamentais ameaça a existência da reserva florestal de Mecubúri, em Nampula, norte de Moçambique, alertou hoje um grupo de organizações cívicas locais.
Segundo o estudo "Levantamento situacional da ocupação mineira na reserva florestal de Mecubúri" apresentado hoje na cidade de Nampula pela Plataforma Provincial das Organizações da Sociedade Civil de Nampula (PPOSCN), aquela reserva funciona como um "pulmão verde" para toda a província, mas encontra-se sob forte ameaça da exploração mineira e desflorestação ilegal.
De acordo com António Lagres, vice-presidente da PPOSCN, a situação é dramática, os riscos são visíveis e, "até 2020, caso não se tomem medidas, a reserva estará quase completamente destruída".
Constituída como uma concentração de conservação de ecossistemas, a reserva de Mecubúri é constantemente invadida por exploradores ilegais que desenfreadamente abatem espécies florestais no local.
Segundo António Lagres, na reserva de Mecubúri existem seis licenças de prospeção e pesquisa mineira, atribuídas desde 2010, em concessões entre 7 mil hectares e 59 mil hectares, e que o dirigente cívico considera ilegais por se tratar de uma área de conservação total.
O estudo conclui também que, como fator acrescido de vulnerabilidade da reserva, as instituições públicas locais, provinciais e nacionais não se articulam de forma sistemática, institucional e periódica, e o cruzamento de informação é fraco.
Para salvaguardar a reserva florestal de Mecubúri, a PPOSCN recomenda a revogação das licenças mineiras, o redimensionamento da área protegida e o fortalecimento das redes de atores de nível local e provincial
Criada ainda no período colonial, a reserva de Mecubúri é uma das maiores do país e, antes da ameaça da ameaça florestal, já tinha conhecido uma drástica redução das populações de fauna selvagem.
AUYS // EL
Lusa – 09.07.2015