A população de Sussundenga, na província de Manica, denunciou hoje ao Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, atos de nepotismo no Governo distrital e municipal, assegurando que a situação está a provocar desconforto aos populares.
Isac Cherene, um morador de Sussundenga e que falou em nome da população, disse que várias pessoas, sobretudo jovens, foram usadas durante a campanha eleitoral para as eleições municipais, em 2014, e as gerais, de 2015, com promessa de emprego mas, reclamou, "após a vitória tudo ficou virado".
"Há dirigentes com duas mulheres e dois filhos empregues na mesma instituição", acusou Isac Cherene, recebendo em troca fortes aplausos da população durante um comício realizado no âmbito da presidência aberta que Filipe Nyusi está a efetuar na província de Manica desde sexta-feira e que termina segunda-feira.
Dos concursos públicos para emprego, disse, os melhores classificados são preteridos nas vagas em favor de pessoas com notas mais baixas, mas com notória influência política e familiar, o que marginaliza os restantes concorrentes e utentes dos serviços.
"Eu fui classificado com 17 valores para preencher uma vaga no recém-criado município, mas as pessoas que tiveram cinco valores já estão a trabalhar. E nós os pobres aonde iremos?", questionou Isac Cherene, que acrescentou ter a certeza de que vai sofrer sanções por ter apresentado as denúncias em nome da população.
Perante as denúncias de nepotismo, Filipe Nyusi garantiu que as iria mandar investigar e condenou a admissão no Estado por influência familiar e ou política, defendendo que a ocupação dos postos de trabalho deve ser por mérito pessoal.
"Vamos investigar. Quem tiver melhor nota na pauta do concurso tem prioridade na admissão. Não pode ser admitido o que tiver menor nota antes dos melhores classificados", precisou Filipe Nyusi, apelando à população que denuncie nas instâncias próprias quando tais situações se repetirem.
A população do distrito de Sussundenga pediu ainda ao Presidente da República água, extensão de energia elétrica, construção de um internato para receber alunos dos postos administrativos que procuram o nível secundário na sede e postos policiais nas localidades para travar o roubo de gado bovino para o Zimbabué.
Pediu ainda a extensão da rede sanitária e a transformação do posto de saúde da sede distrital em hospital rural, por não contemplar vários serviços indispensáveis.
O administrador interino de Sussundenga, Olavo Deniasse, disse que três mini-hídricas estão em funcionamento no distrito, para minimizar o défice de energia, e que está em carteira um projeto de 50 milhões de meticais (1,2 milhões de euros) para construção de um sistema de abastecimento de água potável que será captada do rio Rovue, a cerca de 10 quilómetros da vila.
AYAC // EL
Lusa – 27.07.2015