O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, desencorajou hoje o êxodo de moçambicanos para a África do Sul, observando que o Governo está a trabalhar para garantir o acesso ao emprego e a promoção de autoemprego para jovens.
Falando num comício em Chitobe, sede do distrito de Machaze, no âmbito da presidência aberta que realiza desde sexta-feira na província de Manica, uma região tradicionalmente fornecedora de mineiros para a África do Sul, Filipe Nyusi disse que o Governo incentiva o aproveitamento da mão-de-obra local para o desenvolvimento do país e apelou à população para apostar no emprego local.
"A juventude daqui quer emprego e nós estamos aqui concentrados para criar oportunidade aos nossos jovens para reduzir [o número de] esses que saltam a fronteira [para África do Sul]", declarou Filipe Nyusi, lamentando estes movimento migratórios e as situações que os seus concidadãos atravessam no país vizinho.
Os distritos de Chibabava (Sofala) e Machaze (Manica), uma zona pobre e de terras inférteis, são os principais fornecedores de mineiros para a África do Sul e deles chegam e partem semicolectivos de passageiros com ligação direta a destinos sul-africanos.
A vaga de violência xenófoba na África do Sul em maio, a que o Presidente sul-africano, Jacob Zuma, atribuiu ao fardo da imigração ilegal naquele país, matou pelo menos três moçambicanos e forçou o repatriamento de outros milhares.
Na sexta-feira, a gigante mundial produtora de platina Lonmin anunciou que poderá despedir até seis mil trabalhadores na África do Sul, incluindo moçambicanos, para fazer face à queda dos preços e ao aumento dos custos de produção.
As minas da África do Sul, nas quais trabalham muitos moçambicanos, detêm 80% das reservas mundiais de platina, cujo preço caiu cerca de um terço nos últimos quatro anos.
"Os jovens, se puderem e acharem que vão lá [à África do Sul] e conseguirem emprego, ninguém vai proibir, mas nós queremos criar oportunidade de emprego em Machaze", declarou Filipe Nyusi, acrescentando que novos investimentos estão a ser atraídos para a região.
O Presidente moçambicano lembrou a entrada de investimento português, através de um megaprojeto florestal da Portucel, em vários distritos de Manica, incluindo Machaze, para produção de papel.
"Com esse emprego, vão construir uma boa casa, vão pagar energia e criar condições de os filhos irem ao hospital e escolas, e isso é que é governar", disse Filipe Nyusi, assegurando que vai travar um combate cerrado contra o espírito do "volta amanhã" nos serviços públicos, o que, afirmou, incentiva o êxodo de moçambicanos
AYAC // EL
Lusa – 25.07.2015