O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse hoje em Chimoio, província de Manica, que não há espaço para um segundo exército em Moçambique, em alusão ao braço armado da oposição da Renamo.
"Não há lugar para nenhum outro exército", declarou Filipe Nyusi, falando num comício em Chimoio, no âmbito da presidência aberta de quatro dias hoje iniciada a Manica, e que serviu para agradecer a sua eleição como Presidente, apresentar as linhas de sua governação e colher propostas de prioridades para o país.
O líder da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), Afonso Dhlakama, afirmou que a alegada expulsão e reforma compulsiva dos guerrilheiros do movimento nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) - uma força conjunta criada à luz do Acordo Geral de Paz -, fragilizaram a instituição, deixando-a sob liderança da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), partido no poder.
Em paralelo, as negociações sobre a desmilitarização da Renamo, principal partido da oposição, estão bloqueadas há mais de um ano e sem perspetivas de avanços, ao mesmo tempo que se têm verificado confrontações entre as forças regulares e o braço armado da oposição.
Este ano, a Renamo chegou a ameaçar propor às Nações Unidas a criação de um segundo exército em Moçambique, composto por homens armados do maior partido da oposição, caso persista o impasse da sua reintegração nas FADM.
Hoje, Filipe Nyusi defendeu que todos os jovens que forem mobilizados para o serviço militar sirvam um único exército e polícia, sem cor partidária, unidos na defesa da pátria e soberania.
O Presidente moçambicano voltou a condenar eventuais pretensões de divisão do país e pediu aos partidos políticos moçambicanos que respeitem os três poderes constituídos: executivo, judiciário e legislativo.
"Nunca vou permitir a divisão do país em cumprimento do meu juramento na tomada de posse [como Presidente]", declarou Filipe Nyusi, que a seguir manifestou abertura para trabalhar mesmo com aqueles que não votaram nele e não pertencem ao seu partido.
A Renamo contesta o resultado das últimas eleições gerais e propõe a criação de autarquias à escala provincial em todo o país, mas pretende governar com efeitos imediatos nas seis regiões onde reivindica vitória eleitoral, assegurando que este modelo de governação vai avançar "a bem ou a mal".
AYAC // EL
Lusa – 24.07.2015