A Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição moçambicana, considerou hoje como arrogância a posição do chefe de Estado, Filipe Nyusi, de rejeitar a exigência do movimento de criação de autarquias provinciais.
"Desde que (o Presidente) Filipe Nyusi consolidou o seu poder na Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique, partido no poder), tornou-se arrogante e está a empurrar o país para a confusão, ao rejeitar uma exigência que não é da Renamo, mas sim do povo", diss, em declarações à Lusa, o porta-voz do partido, António Muchanga.
Muchanga acusou o chefe de Estado moçambicano de supostamente iludir o país, ao manifestar abertura para o diálogo com a oposição, enquanto mantém uma alegada intransigência em relação às propostas de solução da crise política no país, devido à recusa da Renamo de aceitar os resultados das últimas eleições gerais.
"O Presidente (da República) terá de aturar as consequências da sua intransigência, porque ele não ganhou as eleições, está a governar contra a vontade do povo", afirmou o porta-voz da Renamo.
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, rejeitou categoricamente no domingo a exigência da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), maior partido de oposição, de criação de autarquias provinciais no centro e norte do país.
A reivindicação da Renamo, disse Nyusi, citado pela Agência de Informação de Moçambique (AIM), durante um encontro com a comunidade moçambicana em Paris, é incompatível com os resultados das últimas eleições gerais e com a legislação eleitoral em vigor.
No encontro vedado a jornalistas estrangeiros, apesar de terem sido avisados para a sua realização, Nyusi respondia, segundo a AIM, a uma pergunta de um moçambicano residente em Paris, que queria saber se a exigência da Renamo devia ser observada à luz da descentralização no país.
Na resposta, Nyusi, que chegou no domingo à capital francesa para uma visita oficial, estabeleceu uma comparação com o futebol, alegando que o Paris Saint Germain foi campeão em França, apesar de não ter ganhado os jogos todos.
"Sendo assim, porque é que eu não posso ser o campeão se ganhei com um agregado maior de votos?", questionou o Presidente moçambicano, acrescentando que, tal como o clube francês, não venceu as eleições provinciais em todas as províncias, mas teve a maioria.
PMA (HB) // APN
Lusa – 20.07.2015