DESTA VEZ, VOU DESTACAR SOBRE A CHAMADA LIBERTAÇÃO DE MOÇAMBIQUE:
Ouvia-se falar sobre a Libertação de Moçambique quando ainda era menor e tinha os meus 14 anos de idade, hoje felizmente estou com mais de 60 anos e volto a questionar o mesmo tema sobre a libertação do povo Moçambicano, sabendo que este tema não vai ser do agrado de muitos, pois é costume dizer-se que onde há factos não há argumentos.
Na minha óptica, a palavra libertação nasceu da Bíblia quando Moisés dialogou com Deus, que nele confiou, atribuindo-lhe poderes espirituais para que regressasse do Egipto, onde havia vivido durante algum tempo antes da sua expulsão pelos Faraós. Deus tinha-o enviado aquela terra a fim de desafiar o todo-poderoso Faraó, para que este deixasse partir o povo Hebreu, vítima de abusos de poder e de escravidão que tinham sido feitos ao longo de várias décadas naquelas terras Egípcias! Foi o que aconteceu na época, depois de várias disputas e algumas batalhas de carácter espiritual. O Faraó acabou por ser vencido, cedendo a Moisés vitorioso o direito de levar consigo o povo Hebraico . Moisés, dirigiu então todo o seu povo na direcção do rio Nilo, o qual atravessou com sucesso para a outra margem, junto ao monte Sinai. Moisés escalou então a grande montanha permanecendo no cume durante 40 dias. Foi nessa altura que Deus Pai Todo-Poderoso surgiu a Moisés e lhe entregou os 10 mandamentos para guiar o seu povo na direcção da terra prometida ISRAEL. Isso é que podemos chamar a libertação de um povo!
Para o nosso caso, em Moçambique não ouve libertação do povo, nem a Frelimo libertou coisa nenhuma! Ouve sim uma Revolta Popular em 1964 contra às injustiças que eram cometidas por Governantes coloniais Portugueses contra os nativos que se viram obrigados a pegar em armas e lutar pela sua Independência. Este é um direito que todo o ser humano tem para se ver livre da escravatura! No entanto a Frente de Libertação de Moçambique, FRELIMO, apenas lutou para instaurar uma ditadura marxista-leninista, coisa que nunca interessou ao povo Moçambicano. Agora diz a Frelimo que lutou para a libertação do povo Moçambicano do jugo colonialista, o que não corresponde a verdade, isso é falso. A razão seria, no caso de ser verdade, não virar as suas armas contra o seu próprio povo e seus compatriotas da causa pela Independência Nacional. Nós, filhos do povo, fomos à luta durante dez anos contra uma ditadura que era o colonialismo Português. A FRELIMO no entanto substituiu-a por uma outra pior do que a anterior.
O que nós queríamos, era uma Independência Liberal e Democrática para o bem-estar de todo povo Moçambicano, para acabarmos de uma vez por todas com a não declarada oficialmente política de segregação racial entre os Moçambicanos pretos, brancos, mulatos, goeses, monhés, árabes, chineses, ou seja, todos aqueles que nasceram no solo Pátrio. Teríamos criado uma sociedade multirracial e de não descriminação, na união, no esforço comum, para o desenvolvimento e progresso do nosso País. Para os Portugueses que nasceram entre nós em Moçambique, seria considerada uma relação privilegiada de amizade já secular,por serem conheçedores dos usos e costumes dos Moçambicanos.Não podemos esquecer da presença Portuguesa que durou 500 Anos. Mas a Frelimo falhou, ao longo da sua luta, desprezou não só os seus próprios irmãos como instaurou uma outra escravatura tipo Gungunhanismo, que não interessava a ninguém! .O povo não aceitou isso,porque o que o povo queria era na verdade a instalação no País de uma verdadeira Democracia, semelhante à do Ocidente ou Americana. Chegou a hora para o povo dizer basta de exploração do homem pelo homem. Vamos todos unidos trabalhar para acabar com as injustiças, pois o povo não aceita ser Governado por incompetentes e exploradores.
Eu Zeca Caliate, chamo `` Frente de Liquidação de Moçambicanos Frelimo``, porque não foi nada daquilo que o povo esperava, não foi essa a libertação do país, mas foi a liquidação total dos sonhos de um povo, por uma teia de mafiosos. O povo viu com seus próprios olhos os seus filhos e familiares serem arrastados pelas ruas de Lourenço Marques, Beira, Quelimane, Nampula etc, e serem deportados uns por aviões fretados, outros por camionetas por barcos e efetuarem viagens sem regresso para Metelela no Niassa, Cabo Delgado ou outras partes incertas no norte do País. Aí milhares de pessoas foram assassinadas a sangue frio e outros desapareceram sem deixar rasto até aos dias de hoje. É isto o que querem chamar a libertação de um Povo!!?? Em outros locais não definidos, morreram pessoas lançadas para banquetes de Leões e hienas. Chamam também isso libertação!!?? É bom que chamemos a isso um INFERNO, obra do Diabo. Para mim é, destruição e liquidação do povo!
Eu pessoalmente, autor deste artigo, fui visado pela ``Frente de liquidação de Moçambique``, para ser eliminado fisicamente, sem motivo aparente, por indivíduos que inventaram certas historietas para liquidarem o meu conceito. Alguns já encontraram a morte, outros estão na lista de espera e bem vivos e não tardará muito terão o mesmo destino dos que partiram antes... e eu sei quem são!!. Pertenceram ao mesmo grupo que assassinaram outros companheiros como o comandante em chefe das Forças Populares de Moçambique Filipe Samuel Magaia, seu adjunto de Defesa e de Segurança Casal Ribeiro, comandantes Lino Ibraim, António Silva, Joaquim Mpindula, Luís Arrancatudo, Joaquim Jahova, Francisco Manhanga, bem como outros! Mas felizmente eu comandante Zeca Caliate Maguaia, consegui escapar com vida e até hoje dou graças a Deus. Também conheço outros comandantes com quem trabalhei arduamente dia e noite durante dez anos nesse tempo que durou a guerra contra o colonialismo, ajudámos no crescimento politico da Frelimo, bem como no seu desenvolvimento militar. Alguns como eu, tiveram sorte, conseguiram escapar e certamente andam por aí e pelo mundo fora dispersos. Todavia alguns foram crucificados como ladrões. Isso chamasse libertação!!?? Eu conheci alguns ex-camaradas que se bateram heroicamente até á morte em prol de um Moçambique livre Independente e Democrático. Infelizmente nunca chegaram a ver esse sonho realizado nem serem reconhecidos como heróis da Pátria!!! Porquê!!??...POR NÃO SEREM DO SUL de MOÇAMBIQUE!!
Recordo, recentemente quando o Jornalista da RTP Joaquim Furtado no seu programa a GUERRA na Guiné, Angola e Moçambique, numa entrevista que fez ao meu Ex sucessor comandante do 4º sector região sul da Província de Tete, António Hama-Thai, lhe perguntar sobre o seu antecessor ex-comandante Zeca Caliate e a sua fuga. Ele teve ousadia de dizer que Zeca Caliate fugiu e era um criminoso que se foi entregar ao inimigo Português. Não especificou no entanto o porquê!!. Não foi capaz de dizer que foi ele, António Hama-Thai, com João Fascitela Phelembe e Tomé Eduardo que receberam ordens superiores para me assassinarem. Mas não foi possível liquidar-me, por ter havido fuga de informações e eu acabei por escapar. Eu não era assim tão louco ao ponto de abandonar milhares de combatentes que chefiei combatendo um inimigo durante dez anos e depois decidir abandoná-los, além das milícias populares que se encontravam no mato sobre minha responsabilidade, bem como minha mulher e filha!!?? Foi um acontecimento terrível para mim deixar tudo isso para trás!
Houve muita inveja na Frelimo, entre os que chegaram ao princípio da história da luta armada pela Independência de Moçambique e aqueles mancebos que chegaram mais tarde e encontraram a confusão instalada no seio da Frelimo por Samora Moisés Machel !!. Os que entraram na Frelimo a partir de 1970, encontraram por diante tudo cozinhado, o concurso de substituição de comandantes veteranos e combatentes já se encontrava aberto! Bastava pegar na escova de sapato e saber engraxar bem o calçado do camarada Samora Machel e seus seguidores. No dia seguinte eram nomeados comandantes de sector ou de região, e assumiam outras responsabilidades quaisquer dentro do Partido Frelimo! Foi o que terá acontecido com muitos, como Tobias Dai, Joaquim Munhepe (Napoleão Bonaparte), pessoas que não tinham categoria nenhuma, embora antigos na fileira da Frelimo. Bastava inventar uma mentira que agradasse ao Samora Machel, que no dia seguinte eram nomeados para chefes de alguma coisa. Mas não é o caso do meu Ex sucessor António Hama-Thai, individuo que não conhecia como se combatia no terreno quando a guerra eclodiu em Moçambique. Não é porque ele tivesse mais competência ou conhecimento do que eu comandante Zeca Caliate, ou entendesse melhor os problemas da guerra e suas estratégias táticas , a razão primordial não foi essa. Qual foi então a intenção de tal nomeação para comandar o 4º sector?? Vejamos... quando Hama-Thai ali chegou haviam quadros mais competentes e veteranos de guerra mais conhecedores do que ele... porque é que não foram nomeados?? A resposta era só uma... a eliminação física do comandante Zeca Caliate... porque era chingòndo. No mês de setembro de 1973, escapei à morte que a Frelimo tinha planeado. O GRANDE BÚFALO estava então agonizante. Foi nessa altura que uma matilha de hienas se lançou ao ataque e assim afugentou o leão. Finalmente podiam apoderar-se do banquete que não lhes pertencia. Por outras palavras, os dirigentes da Frelimo renovada, já sabiam de que o grande navio que vinha a navegar no alto mar, estava preste a atracar a bom porto e era necessário e urgente trocar o comandante da tripulação do navio. Foi essa razão que levou o afastamento vivo ou morto do seu comandante! Mas para mim, preferi abandonar o búfalo e escapar com a vida para continuar a viver, do que ser devorado por aquela matilha. Foi uma experiência na minha vida!...
O que aconteceu comigo na frente de Tete, aconteceu um pouco por todas as frentes, onde havia guerrilha da Frelimo. Quando assassinaram o grande chefe Filipe Samuel Magaia, no Niassa e em Cabo Delgado também sucederam, tal como escrevi no meu Livro intitulado de Odisseia de um Guerrilheiro, outros casos como por exemplo, em Tete, no começo o comandante supremo foi Francisco Manhanga que a determinada altura foi golpeado por José Phailane Moiane. O mesmo tinha golpeado Luís Arrancatudo no Catur e pôs ao fresco o 1º secretário daquela Província do Niassa, António da Silva, o mesmo acontecendo em Cabo Delgado, com o comandante Cândido Mondlane, 1º secretário da Defesa daquela Província. C.Mondlane foi marginalizado e afastado por Samora Moisés Machel, em colaboração com seu adjunto Alberto Chipande, devido a uma pequena desavença. Foi o suficiente para o pôr fora de acção de um posto que era de prestígio e não o mataram como fizeram aos outros. Afastaram-no apenas porque era natural de Gaza e sobrinho do primeiro Presidente da Frelimo Dr. Eduardo Mondlane. Caso contrário tinham-no posto dentro de uma lata para o lixo a apodrecer, como aconteceu com Pascoal Nhampule.
Zeca Caliate, General Chingòndo um dos sobreviventes da teia do mal Frelimo!
Europa, 20 de Julho de 2015
(Recebido por email)