OS MINISTROS da Defesa Nacional, Atanásio Ntumuke, e do Interior, Jaime Basílio Monteiro, participaram no passado sábado nas comemorações do 41.º aniversário de assalto ao Quartel de Omar, em Namatili, distrito de Mueda, província de Cabo Delgado.
A ofensiva, que teve lugar a 1 de Agosto de 1974, pode ser considerada como a última acção armada dos guerrilheiros da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), e que terá precipitado a assinatura dos Acordos de Lusaka, a 7 de Setembro do mesmo ano, que formalizam o fim da luta armada pela libertação nacional.
Trata-se de um facto histórico e singular que culminou com a rendição e subsequente captura de 37 soldados portugueses, sem recurso às armas de fogo. O Ministro da Defesa, Atanásio Salvador Ntumuke, actualmente ostentando a patente de Major-General (na reserva), foi quem comandou esta operação.
Durante a cerimónia de comemoração da vitória de Nambilião, também assim chamada, a Governadora da província de Cabo Delgado, Celmira da Silva, que presidiu a efeméride, disse que o quadragésimo primeiro aniversário do assalto ao Quartel de Omar representa mais uma vitória na vida dos moçambicanos, pois foi com o espírito de elevado patriotismo e unidade nacional que os combatentes libertaram o país da opressão colonial.
Para a governadora, a acção desenhada pelos guerrilheiros da FRELIMO evitou o derramamento de sangue, mostrando claramente ao mundo e ao povo português a justeza da luta armada e uma definição clara do seu verdadeiro inimigo.
“A história de Namatili é constituída por vários marcos de heroicidade e a entrega total dos nossos irmãos à escala nacional. A população daqui de Namatili respondeu com um sim na reconstrução deste local histórico, ajudando na limpeza, na edificação dos monumentos e manutenção da pista de aterragem”, exaltou a governadora.
Por seu turno, o Ministro da Defesa Nacional, Atanásio Salvador Ntumuke, disse, de viva voz durante o comício popular, que Chai é o começo do primeiro tiro e Namatili o local do último tiro.
Para Ntumuke, esta operação foi muito bem desenhada pelo Presidente da FRELIMO, Samora Machel, e seus companheiros, que o destacou para comandar a operação do Quartel de Omar, porque naquela altura, segundo conta o General Ntumuke, os portugueses ainda iluminavam os quartéis das zonas libertadas e isso era visível do lado da República da Tanzania, o que atrapalhava o plano da FRELIMO, que era a libertação do povo da opressão portuguesa.
Os portugueses montaram o Quartel de Omar com a intenção de impedir a circulação dos guerrilheiros da FRELIMO e a população de Mueda, que ajudava a transportar armas e munições da Tanzania para Moçambique.
Ainda no processo de preparação do assalto ao quartel, os soldados portugueses ali estacionados optaram por se render aos guerrilheiros da FRELIMO, pois aperceberam-se que estavam completamente cercados e não dispunham de nenhuma hipótese para saírem vencedores do confronto que se adivinhava.
Segundo o General Ntumuke, o cerco estava fechado para os portugueses que até alguns saíram semi-nus das casernas, pois este acontecimento ocorreu de madrugada, enquanto alguns ainda dormiam.
Para o mentor da história de Omar, não ouve nenhum derramamento de sangue no local, foi uma operação pacífica e esta foi a última base dos portugueses a ser invadida pelos guerrilheiros moçambicanos.
A reportagem da Imprensa Militar contactou alguns soldados que participaram nesta operação. Também falou com alguns moçambicanos capturados, que na altura pertenciam à tropa portuguesa.
Trata-se de Benedito Domingos Buzi, Major (na reserva), vulgarmente conhecido por (Mestre), natural da Beira, que esteve directamente envolvido nesta operação. Na altura, ele era soldado e exercia funções de homem das comunicações com o seu colega Oresta Simão, e foram os responsáveis pelo impedimento da comunicação entre os quartéis portugueses, dificultando a sua resposta perante aquela situação de ataque. Buzi carregava consigo o material de comunicação que anunciou a rendição dos portugueses naquele local.
Um dos capturados, o moçambicano João Baptista Jeque, que estava integrado na tropa portuguesa, também foi reconduzido para o centro de treinamento militar de Nachingueia e depois passou a pertencer à FRELIMO.
A celebração do 41.º aniversário do assalto ao Quartel Omar em Namatili contou com a participação, para além de membros do Governo Central, membros do Governo provincial, das organizações da sociedade civil e a população, em geral. Na ocasião, foram exibidas diversas manifestações culturais da província de Cabo Delgado.
Lembre-se que foi na base de Omar, no povoado de Namatili, que o Presidente da República de Moçambique e Comandante-Chefe das Forças de Defesa e Segurança, Filipe Jacinto Nyusi, acendeu, no dia 7 de Abril de 2015, a chama da unidade que percorreu todos os distritos do país até ao Estádio da Machava, onde chegou no dia 25 de Junho de 2015, por ocasião do 40.º Aniversário da proclamação da Independência nacional.
Para além de acender a tocha, Filipe Nyusi lançou a primeira pedra para a construção de várias infra-estruturas sociais que estão a transformar este local numa referência de obras económicas e sociais de raiz no período pós-Independência.
(texto gentilmente cedido pelo Gabinete de Imprensa do Ministério da Defesa Nacional)
NOTÍCIAS – 06.08.2015
NOTA: Saiba a verdade em http://blog.macua.us/moambique_para_todos/omar_01081974/