O ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique, Oldemiro Baloi, manifestou-se no fim-de-semana muito preocupado com a situação na Guiné-Bissau, imputando ao ego dos políticos guineenses a responsabilidade pela crise.
"Moçambique olha com muita e muita preocupação", afirmou Baloi, citado pelo diário Notícias, falando em Gaberone, capital do Botsuana, onde se encontra a participar na 35ª Cimeira dos Chefes de Estado e de Governos da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).
O chefe da diplomacia moçambicana acusou alguns políticos bissau-guineenses de sobreporem os seus interesses pessoais aos do povo, realçando que a política é para servir e não para se servir dela.
"Aqui, não vou entrar em detalhes mas, de facto, é uma situação muito triste que os egos das pessoas se sobreponham aos interesses de um país sofrido. É bastante lamentável, mas sabemos onde está o problema", realçou Oldemiro Baloi.
A actual crise na Guiné-Bissau, assinalou o ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, mostra que os militares foram sempre usados pelos políticos na instabilidade que atingiu o país no passado.
"A verdade é que essa tese (de os militares da Guiné-Bissau serem instrumentalizados pelos políticos) parece provar hoje a sua validade, uma vez que os militares, desde que aconteceram as eleições no ano passado e houve um diálogo e lhes foram dadas perspectivas, estão quietos", considerou Oldemiro Baloi.
O ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação afirmou que o país está a apostar na "diplomacia silenciosa" através da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) para a solução da crise.
O Presidente da República da Guiné-Bissau, João Mário Vaz, demitiu na quarta-feira passada o Governo liderado por Domingos Simões Pereira, num decreto em que se justifica com quebra mútua de confiança, dificuldades de relacionamento e sinais de obstrução à Justiça por parte do Executivo.
Num discurso à nação, Vaz acusou ainda o primeiro-ministro e o Governo de corrupção, nepotismo e de falta de transparência na gestão pública.
Domingos Simões Pereira anunciou na quinta-feira estar "chocado" pela maneira como o Presidente "faltou à verdade" e refutou as acusações.
O executivo estava em funções há um ano, depois de o PAIGC vencer as eleições com maioria absoluta e de ter recebido duas moções de confiança aprovadas por unanimidade no Parlamento - para além de ter o apoio da comunidade internacional.
Apesar de todas as forças políticas e várias entidades, dentro e fora do país, terem feito apelos públicos dirigidos ao Presidente no sentido do diálogo e estabilidade, José Mário Vaz decidiu derrubar o Governo e pediu ao PAIGC que indique um novo nome para primeiro-ministro.
Lusa – 17.08.2015
NOTA:
E com a situação política em Moçambique? Também está “muito preocupado” ou nem por isso…
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE